SÃO LEOPOLDO: 0 ex-governador do Ceará Gonzaga Mota foi o primeiro governador ligado a ditadura civil militar (1964 até 1984) que já agonizava em meio à década de 1980, a apoiar Tancredo Neves, que disputava a eleição indireta (via Congresso) com Paulo Maluf. Sua atitude abriu caminho para que outros fizessem o mesmo. Porém, no Ceará, esse movimento desestabilizou a estrutura política que o sustentava. Como resultado da instabilidade, Gonzaga Mota mudou várias vezes de partido. Daí a famosa frase que usou para explicar a situação: “a política é dinâmica”.
A desistência do vereador Gabriel Dias (PSDB) em concorrer na eleição a prefeito de São Leopoldo é a prova maior de que a política é dinâmica e que puritanismo ideológico é diretamente proporcional a acordos e possíveis vantagens. Não foi Gabriel quem inventou isso. Infelizmente é a nossa realidade no que diz respeito à política brasileira e São Leopoldo não foge a regra. Talvez, pela intensidade dos ataques mútuos entre Gabriel e Heliomar acontecidos nos últimos dias, a repercussão não foi bem aceita pelo ambiente político e por parte dos eleitores do agora ex-candidato a prefeito. Em um primeiro momento, o efeito favorável à candidatura Heliomar Franco não tenha sido a esperada e os próximos dias vão confirmar ou não esta primeira impressão.
Mesmo que a repercussão não tenha sido talvez a esperada pelos agentes e operadores da aliança, há de se reconhecer que foi o ponto alto da campanha até agora. A eleição passa por esse movimento e o rumo dele será decisivo. Três fatos imediatos aconteceram: 1) os apoiadores de Heliomar Franco comemoram porque fazem a leitura de que a desistência e apoio vai transferir a maioria dos votos de Gabriel para o candidato para Heliomar; 2) a coordenação da candidatura Arthur/Werner considera que boa parte desses votos devem migrar para a candidatura do MDB, pelo perfil do eleitor de Gabriel; 3) e por fim, a coordenação da campanha Nelson/Nado avalia que os votos de Gabriel Dias devem ir em menor número para a chapa Heliomar/Regina. Ou seja, são avaliações diferentes e todos consideram "vantajosa" a desistência do candidato tucano.
Uma outra avaliação que precisa ser considerada é a que considera os números da pesquisa realizada pelo PL, e que até então era contestada pela coordenação da campanha de Gabriel Dias. Em um olhar mais criterioso na pesquisa – sem questionar a legitimidade dela – pode-se fazer algumas leituras bem palpáveis. Na pesquisa realizada pelo Instituto Amostra, Gabriel Dias tinha cerca de 7% de intensão de votos, o que na prática pouco mudava o cenário da pesquisa, já que a diferença entre Heliomar e Nelson Spolaor chega a quase 9%. Por esses números, pouco ou nada agrega o embarque de Gabriel Dias na candidatura Heliomar. A matemática é simples: a distribuição dos votos do Gabriel para as outras candidaturas, praticamente deixa o mesmo cenário da pesquisa divulgada há poucos dias. O efeito eleitoral da nova aliança ainda está muito embaçado e precisa de mais dias para uma avaliação mais perto da realidade.
O fato posto a partir da decisão de Gabriel Dias é de que a candidatura governista é muito forte e a Oposição sabe disso. A polarização ainda não pode ser afirmada até porque Arthur Schmidt continua no páreo e sempre precisa ser respeitado, mas que a eleição ficou mais clara e até vai facilitar a ação candidatura Nelson/Nado é uma realidade. A partir de agora é menos gente para bater no governo, e como consequência a artilharia da campanha da situação vai ser direcionada quase em sua totalidade para Heliomar Franco. Quem não fez esta leitura precisa voltar para a escola básica da política e campanhas eleitorais.
Da redação do www.startcomunicacaosl.com.br/ Por Bado Jacoby
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