O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (3) que "responsabilidade fiscal é compromisso" e que governo "não joga dinheiro fora". A declaração foi dada durante o anúncio do Plano Safra voltado para agricultura familiar, no Palácio do Planalto, em um contexto de turbulência no mercado financeiro – devido às críticas de Lula ao Banco Central – e alta do dólar.
"Aqui, nesse governo, a gente aplica o dinheiro que é necessário, a gente gasta com educação e saúde, naquilo que é necessário. Mas a gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso desse governo desde 2003. E a gente manterá ele à risca", disse Lula.
Antes do evento começar, Lula foi questionado sobre o dólar – momento em que disse que falaria sobre "arroz e feijão"
À tarde, Lula lançou a segunda parte do plano, voltada ao agronegócio e aos grandes produtores.
Pauta econômica
Mais cedo, Lula participou de reunião ordinária do Conselho da Federação – órgão criado para reunir governo federal, governadores e representantes de entidades municipalistas.
Em um tom parecido, Lula falou sobre a responsabilidade nos gastos do governo. "Todo a vez que a gente apresentar uma proposta de política de maior benefício no município, é importante que a gente apresente com que dinheiro vai ser financiado essa questão", afirmou o presidente.
Na ocasião, o presidente assinou mensagem ao Congresso e um projeto de lei sobre cuidados, que busca garantir o direito ao cuidado, direito a cuidar e ao autocuidado.
No início da manhã, o presidente teve reuniões com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fora da agenda oficial. Segundo assessores, o encontro foi para discutir a questão fiscal do país.
Era esperado que os dois conversassem também, entre outras coisas, sobre a alta do dólar e sobre moderação das críticas ao Banco Central e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto.
Lula também convocou uma reunião no Planalto às 16h30 com a equipe econômica.
Além de Haddad, foram chamados os ministros Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Esther Dweck (Gestão e Inovação).
Críticas ao BC
Ao longo dos últimos dias, o presidente concedeu entrevistas e deu declarações em eventos públicos em que criticou o Banco Central e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto.
Nesta segunda-feira (1º), por exemplo, Lula afirmou que, quando for escolher o novo presidente do BC, buscará alguém que "olhe para o país do jeito que ele é", e não "do jeito que o sistema financeiro fala".
O argumento do presidente é que o BC está mantendo a Selic (taxa básica de juros) em patamares altos — atualmente 10,5% ao ano — sem necessidade. E que isso prejudica o crescimento do país, uma vez que fica mais caro captar dinheiro no sistema financeiro.
Por outro lado, o BC diz que o governo não cumpre a contento sua função de controlar os gastos públicos. Com isso, o risco de inflação persiste, o que exige juros mais altos.
Desde 2021, o Banco Central tem autonomia. Isso significa que Lula não pode tirar Campos Neto do cargo. O mandato do atual presidente do BC, indicado no governo Jair Bolsonaro, termina em dezembro. Lula poderá indicar o próximo.
Fonte: g1
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