O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (27) que o Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado responsável por fixar a taxa básica de juros da economia, age de forma técnica para buscar o atingimento das metas de inflação.
As declarações foram dadas durante debate no plenário do Senado Federal. Também estiveram presentes os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. "A inflação de curto prazo tem caído, mas muito lentamente, e os núcleos [que desconsideram fatores temporários] continuam altos. Esse ultimo número que saiu, ficou um pouco acima", avaliou o presidente do Banco Central.
Nesta quarta-feira (26), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) – considerado a prévia da inflação oficial do país – ficou em 0,57% em abril. E acumulou 4,16% na janela de 12 meses.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne na próxima semana e a expectativa do mercado financeiro é de nova manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano – o maior nível em mais de seis anos, e que representa também a taxa real (descontada a inflação estimada para os próximos 12 meses) mais alta do mundo.
O Banco Central, que goza de autonomia operacional, tem sido criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por manter a taxa Selic em patamar elevado, o que freia a economia e gera reflexos no emprego e nos investimentos.
No Senado Federal, Campos Neto voltou a dizer que é importante combater a inflação, pois ela gera um "efeito perverso para os mais pobres", que estão menos protegidos do aumento de preços.
"O Banco Central toma decisões técnicas, têm muitas variáveis levadas em consideração. Olhamos a inflação corrente, o hiato [do produto interno bruto], ou seja, a capacidade de crescer sem gerar inflação, e as expectativas [de inflação]", acrescentou ele.
Banco Central "sobrecarregado"
O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga disse que um sistema cooperativo de gestão macroeconômica recomendaria o trabalho cooperativo entre política monetária e política fiscal.
“Hoje nós temos claramente um Banco Central sobrecarregado. O que recomendaria um sistema cooperativo da gestão da política macroeconômica? Recomendaria que houvesse um apoio da área fiscal”, afirmou.
Para o ex-presidente da instituição, não é correto “criar uma cooperação destrutiva” acompanhada do “desrespeito lado fiscal”
“O sistema é desenhado para que as autoridades se coordenem, cada um no seu lado, e claramente hoje o Banco Central precisa de ajuda, porque a taxa de juros é alta, só não vê quem não quer”, afirmou.
Como os juros são definidos
Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.
Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação do próximo ano, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
A meta de inflação do próximo ano é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Na ata da última reunião do Copom, quando os juros foram mantidos estáveis em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos, o BC avaliou que a inflação ao consumidor continua elevada.
Fonte: g1
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