Mesmo com a chuva forte que começou a cair na manhã desta sexta-feira (10), e que já estava prevista, os resgates continuam no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo. A água baixou, embora lentamente, causando apreensão aos moradores da região, que, em grande medida, seguem dependendo de barcos para alcançarem suas casas.
O acesso à estação Santo Afonso da Trensurb já pode ser feito a pé, situação diferente de há uma semana, quando a água tomava conta do entorno.
Veículos de diversos órgãos, inclusive da Polícia Civil, estavam no local, com agentes circulando armados nas embarcações a fim de coibir saques nas residências. Quem também chegou ao bairro foi um grupo de voluntários da Global Empowerment Mission, organização com sede na Flórida (Estados Unidos)), cuja missão é responder a desastres pelo mundo.
Acompanhando os barqueiros, o eletricista Denis Athayde, morador de Novo Hamburgo, disse que não foi afetado pela cheia, mas se dispôs a ajudar desde a última sexta-feira (3), por exemplo, oferecendo um gerador de energia de seu negócio. “Na realidade, estou há duas semanas sem trabalhar. Sempre vem aqui bastante gente, então as pessoas estão bem unidas e dispostas a ajudar”, comentou ele. Ali perto, o morador Vando Rosa, de Campo Bom, cuidava dos pets resgatados.
De acordo com ele, ainda há muitos animais a serem resgatados, todos abandonados, pois toda a população humana já foi retirada. Cordas com coleiras foram improvisadas abaixo dos trilhos para receber cães e gatos recém-saídos da água, mas, antes, eles recebem alimento, carinho e calor. “Houve dias em que saíram 200 animais. Se deixarmos eles soltos, vão querer voltar nadando até suas casas. E aí podem morrer no caminho. Recebemos aqui muitos feridos”, contou ele. O trabalho conta com o apoio de ONGs locais.
O casal Ronaldo Lemos e Darlene Pacheco já havia sido resgatado da Santo Afonso e estavam em um abrigo, mas ambos voltaram à água para resgatar um pequeno cão que a correnteza havia levado até a casa deles. “Conseguimos ir para um colégio primeiro com água até o peito. Uma embarcação nos pegou e, no caminho, quando passamos na frente de casa, vimos ele chegando. Pensei: ‘eu tenho que buscá-lo’, mas também imaginamos que poderia estar morto”, relatou Lemos, cuja casa ainda está com água acima da cintura. “Estamos sujos, com frio, porém muitos satisfeitos de que ele está vivo”, acrescentou. O cão agora ficará com o casal, que ainda não decidiu um nome para ele.
Fonte: Correio do Povo
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