A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou nesta segunda-feira (19) a "violência inadmissível" de que são vítimas os trabalhadores humanitários, após a morte de 280 destes profissionais em 2023, um recorde impulsionado pelo conflito na Faixa de Gaza, que ameaça ser superado em 2024.
"A normalização da violência contra os trabalhadores humanitários e o fato de que ninguém pague por isso é inaceitável, inadmissível e extremamente perigoso para as operações humanitárias em todo o mundo", denunciou em um comunicado Joyce Msuya, chefe interina do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), por ocasião do Dia Mundial da Ajuda Humanitária.
Segundo ele, com o número de 280 trabalhadores humanitários assassinados em 33 países no ano passado, "2023 foi o ano mais letal registrado para a comunidade humanitária internacional". Em 2022, as mortes desses trabalhadores somaram 118 casos.
No ano passado, mais da metade das mortes de trabalhadores humanitários foram em Gaza, com 163 registros, durante os primeiros três meses da guerra entre Israel e Hamas, principalmente devido aos bombardeios aéreos.
Os conflitos no Sudão do Sul, palco de violência intercomunitária, e no Sudão, cenário de uma guerra sangrenta entre dois generais rivais desde abril de 2023, são os outros dois mais mortais para os trabalhadores humanitários, com 34 e 25 mortes, respectivamente. Veja, abaixo, o ranking de mortes:
Faixa de Gaza (território palestino): 163 mortes;
Sudão do Sul: 34 mortes;
Sudão: 25 mortes;
Israel: 7 mortes;
Síria: 7 mortes;
Etiópia: 6 mortes;
Ucrânia: 6 mortes;
Somália: 5 mortes;
República Democrática do Congo: 4 mortes;
Mianmar: 4 mortes.
2024 poderá ser pior
Se os 280 mortos em 2023 já são uma cifra "escandalosa", 2024 poderá ser "muito mais mortal", advertiu a ONU.
Segundo o Aid Worker Security Database, 176 trabalhadores humanitários (121 deles nos territórios palestinos ocupados) morreram entre 1º de janeiro e 9 de agosto de 2024, um número que já supera a maioria dos anos anteriores (o recorde anterior foi em 2013, com 159 mortes).
Mais de 280 trabalhadores humanitários morreram desde outubro em Gaza, a maioria deles empregados da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), segundo a ONU.
Neste contexto, os responsáveis por várias organizações humanitárias enviaram nessa segunda uma carta conjunta aos Estados-membros da ONU, na qual pediram "o fim dos ataques contra civis, a proteção de todos os trabalhadores humanitários e que os responsáveis prestem contas", acrescentou o comunicado, convocando a população a se unir a esta campanha nas redes sociais com a hashtag #ActforHumanity.
Fonte: g1
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