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Em sindicância, PMs dizem que não houve racismo em prisão de motoboy e que abordagem foi técnica


Imagem: Renato Levin Borges.

Os quatro policiais militares envolvidos na prisão de um motoboy negro após ser agredido por um homem branco, no último sábado (17), em Porto Alegre, foram ouvidos na tarde desta quinta-feira (22), em sindicância aberta pela Brigada Militar (BM). As audiências se iniciaram às 14h, na sede do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM) da Capital, e cada policial teve entre 30 e 40 minutos para falar.


Nos depoimentos desta tarde, eles reafirmaram que não houve racismo na abordagem ao motoboy. Segundo o advogado Fábio Silveira, que representa dois dos policiais – o homem e a mulher que conduziram o motoboy no camburão de uma viatura –, os seus clientes afirmaram que “a abordagem foi técnica e progressiva, de acordo com a resistência do motoboy".


Conforme Silveira, os PMs também afirmam que a diferença no tratamento entre os dois presos – o homem branco que agrediu o motoboy com um canivete, foi detido tempo depois da vítima – ocorreu devido à reação de cada um deles.


A investigação teve início a partir da divulgação de fotos e vídeos que mostram o trabalhador sendo algemado e colocado na parte traseira da viatura, enquanto o idoso de 71 anos conversa cordialmente com PMs e chega a ser liberado para subir até o seu apartamento, vestir uma camiseta antes de ser conduzido à delegacia no banco de trás de outra viatura.


"Foi solicitado mais de uma vez que se afastasse. E ele [o motoboy ]disse: "mas por que, se sou vítima?' O policial respondeu: 'iIsso nós vamos ver'. Ele gesticulou fortemente na frente do policial, isso inclusive está no vídeo mais divulgado. O policial não teve outra opção a não ser abordá-lo. Ele disse, aos gritos: 'Não vai me abordar, não, eu sou vítima'. A partir daí, o policial passa a ter que usar moderadamente a força para que ele se submeta a uma revista pessoal, para ver se ele não causaria risco a ninguém ali. Ao passo que o outro cidadão se encontrava, calmamente, atendendo as determinações policiais", descreve o advogado.


Sobre o fato de o motoboy ter sido conduzido no camburão, de acordo com o advogado, os policiais explicaram que, no banco frontal, estariam o motorista e a outra agente, e que "qualquer movimento que ele fizesse com as pernas poderia prejudicar a dirigibilidade, causar um acidente que ferisse os policiais e a própria vítima". Além disso, o advogado acrescenta que, quando foi retirado da viatura, o motoboy não apresentava nenhuma lesão decorrente da abordagem.


A advogada Andrea Ferrari, que representa os outros dois policiais – um homem e uma mulher, integrantes da segunda guarnição que chegou ao local do fato –, afirma que os PMs mantiveram o depoimento dado à Polícia Civil, e que a expectativa é de que o procedimento seja concluído o quanto antes.


"Na sindicância, o foco foi a atuação deles. A Brigada quis saber em relação à parte técnica. Estão pedindo para entregarem os relatórios o quanto antes. Acredito que terá um andamento mais rápido que o normal ", diz a advogada.


Na terça-feira (20), os quatro policiais já haviam prestado depoimento à Polícia Civil, que realiza uma investigação paralela à sindicância da BM. Todos negaram que tenham agido motivados por racismo na abordagem ao motoboy e pontuaram que ele teria agido com agressividade.


No próximo passo da apuração militar, o sindicante deve fazer um apanhado geral das provas e solicitar documentos que considerar necessários, como os vídeos das câmeras de monitoramento do entorno do ponto onde ocorreu a abordagem. Na segunda-feira (19), o secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, afirmou que a sindicância deve ser concluída até este sábado (24).


Fonte: GZH

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