
O governador em exercício, Gabriel Souza, anunciou na tarde desta segunda-feira (25) que cinco servidores da Penitenciária Estadual de Canoas 3 (Pecan) foram afastados das atividades. A decisão se deu após a morte do líder de uma facção dentro da unidade.
Foram afastados:
Dois servidores que estavam naquele turno;
O chefe de segurança do complexo prisional
O responsável pela segurança da galeria
O diretor responsável pela Pecan 2, 3 e 4 (a Pecan 1 é chefiada por outra pessoa)
Um dos servidores afastados nessa segunda, de acordo com o governador em exercício, foi identificado como a pessoa que recebeu uma carta escrita a mão por Nego Jackson e repassada a seu advogado. Ele teria alertado sobre um plano para matá-lo dentro da Pecan.
"Deixando claro que isso não é por qualquer tipo de confirmação ou crença do governo de culpabilidade de qualquer um dos servidores. mas no sentido de buscar apuração isenta, rigorosa, e também que, na medida do possível, seja célere, tanto do ponto de vista administrativo, como também pela própria investigação policial. Queremos que isso ocorra com maior liberdade e profundidade possível. Tomamos essa decisão neste momento, até para resguardar os nosso servidores", disse Souza.
Quem assume o complexo prisional em Canoas é Cledio Muller, que atualmente é diretor adjunto do Departamento de Segurança e Execução Penal (Desp).
Segundo Souza, estão sendo determinadas três revistas diárias dentro da galeria onde houve o crime, na penitenciária. Uma revista teria sido realizada na madrugada anterior ao crime, por volta das 3h, após o avistamento de um drone.
"Foi localizado drogas e rádios recolhidos. Esse sistema é uma prática recorrente. Mas vamos intensificar e adotamos esse sistema. Começamos a partir de hoje a fazer varreduras em outras unidades prisionais do RS, para também evitar qualquer tipo de possibilidade de ato criminoso nesse sentido em outras unidades", disse Souza.
Conforme o governo, a decisão de afastamento temporário neste momento se dá para manter a isenção nas apurações de como se deu a morte de Jackson Peixoto Rodrigues, de 41 anos.
"Queremos entender o que aconteceu naquele dia, naquele momento que ocasionou um homicídio de um apenado dentro de uma galeria da Pecan. É por isso que os afastamos. Não significa que no final da apuração, quando eventualmente apontado que não houve culpabilidade dos servidores, que não possam retornar para suas funções. O que queremos é uma apuração rigorosa", afirmou.
Sobre o efetivo presente na unidade prisional no momento do crime, de acordo com o governo, havia 54 servidores trabalhando para cerca de 2 mil apenados na Pecan no momento em que ocorreu a morte do líder de facção.
Em relação aos arredores do Complexo da Pecan, o governador afirmou que convidou o prefeito de Canoas para que seja realizada uma ação envolvendo o Estado e o município.
"Notadamente, nos arredores há instalações, inclusive de comércio irregular. Queremos fazer juma atuação em conjunto para dar fim a qualquer situação que possa oferecer risco no entorno da penitenciária", disse o governador em exercício.
O governador anunciou ainda que nesta terça-feira (26) serão realizados os testes finais dos bloqueadores de celular na Penitência de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). A medida permitirá que as lideranças de facções voltem a ser isoladas na unidade prisional.
XO sistema [de bloqueadores] está em teste, e queremos fazer a inauguração do módulo de segurança na Pasc já no mês de dezembro deste ano. Esses apenados são suspeitos de comandarem crimes de dentro da Pasc. E, por isso, foram encaminhados à Pecan enquanto o módulo da Pasc não estava pronto", afirmou Souza.
Ainda segundo o governo, nessa segunda foram assinados dois contratos para a construção de duas novas prisões, uma delas em São Borja e outra em Passo Fundo. As duas unidades juntas reúnem cerca de 800 vagas – o investimento é de R$ 250 milhões.
Reforço
Souza afirmou que se reuniu com a cúpula da segurança ainda neste domingo (24) para estabelecer as primeiras medidas. Entre elas, foi determinado o reforço de 500 policiais militares do Batalhão de Choque e do Bope no policiamento nas ruas da Capital e da Região Metropolitana, com apoio ainda do Batalhão de Aviação da BM.
O intuito da medida é tentar impedir que a morte da liderança gere algum reflexo nas ruas, com retaliações entre as facções envolvidas.
"Portanto, por ar e por terra, estamos firmes, atentos e alertas para qualquer eventual conflito entre facções que possam colocar em risco a vida das pessoas. É um trabalho que já é feito ordinariamente, mas num caso como esses é sempre importante intensificar. É importante para abafar qualquer tipo de novos crimes que possam ocorrer em virtude desse episódio do fim de semana", disse Souza.
Fonte: GZH
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