O Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do RS (Sindienergia-RS) apresentou, nesta segunda-feira (12), em Porto Alegre, o programa Todas as Energias, de fomento às fontes energéticas limpas e foco na reconstrução do estado após as enchentes.
Serão duas fases, com a primeira com objetivo de tornar o RS autossuficiente em energia em aproximadamente cinco anos. Hoje, o Estado importa de outras Unidades da Federação 30% da energia consumida, cerca de 3 gigawatts (GW), segundo dados da entidade.
Na segunda, a principal meta é promover o mercado do hidrogênio verde, tanto para consumo interno, quanto para exportação. Para isto, foram instituídas metas: a curto prazo, a capacidade de aumento da conexão energética do Estado aumentaria dos atuais 3,8 gigawatts (GW) para 8 GW, somando um investimento de R$ 14 bilhões e 9 mil novos empregos. Os investimentos imediatos incluem 2 GW em projetos já com outorga.
Já a longo prazo, até 2040, pretende-se aumentar a demanda para 30 GW em todas as fontes renováveis, com R$ 210 bilhões em novos investimentos e 150 mil empregos até lá. Também seriam evitadas as emissões de 2,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera em um horizonte curto de tempo e 1,7 bilhão de toneladas nos próximos 26 anos.
Inicialmente, para impulsionar as metas, o Sindienergia-RS conversou com o governo federal desde o ano passado para criar, para o Estado, um fundo constitucional regional, dos mesmos moldes como há hoje para as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, que direciona 3% do IPI a essas iniciativas.
A ideia, porém, foi considerada de difícil aplicação. “É algo bastante complexo, depende do Congresso, de uma questão bem mais política”, afirmou o diretor do Sindienergia-RS, Guilherme Sari. Outro pleito mais aceito foi direcionar recursos do pré-sal, que “fez mais sentido”, segundo disse a presidente do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal, se referindo à resposta do governo. “Não precisamos de recursos federais, mas sim de algum tipo de recurso que torne o Rio Grande do Sul talvez mais competitivo”, comentou ela.
Uma solução mais palpável está sendo recursos de fundos setoriais para investimento em energia, a exemplo do Fundo Clima, do BNDES e do Ministério do Meio Ambiente (MMA), para adaptação às mudanças climáticas. A estruturação do programa inclui o levantamento de demandas – etapa que será feita pelas secretarias estaduais do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), incluindo a Fepam, Desenvolvimento Econômico (Sedec), Reconstrução Gaúcha e a Frente Parlamentar Pró-Energia Renováveis da Assembleia Legislativa.
Isto será feito dentro de uma matriz de potencialidades, considerando projetos que tenham status avançado quanto ao licenciamento ambiental, viabilidade econômico-financeira e capacidade do empreendedor, entre outros. Ocorre, porém, que a entidade disse ter recebido com surpresa a decisão da retirada, por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do chamado Lote 2 do leilão de transmissão de instalações, que englobava o RS, e cujo certame ocorre em São Paulo no próximo dia 27 de setembro.
O Sindienergia disse que a decisão final da retirada foi do Tribunal de Contas da União (TCU) ao Ministério de Minas e Energia (MME). Isso ocorreu a partir de um levantamento apontando que ao menos duas subestações ficaram dentro da mancha de inundação durante as enchentes, e um sistema de conexão estava em área de deslizamento. A partir da revisão do edital, porém, o sindicato comenta que, para 2025, já está previsto um acréscimo no investimento previsto em sistemas de conexão dos atuais R$ 500 milhões para R$ 900 milhões, e para 2026, a inclusão de áreas no RS não contempladas no certame, como a Fronteira Oeste e a Campanha, regiões com potencial energético hoje considerado subutilizado.
Fonte: Correio do Povo
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