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Foto do escritorGuilbert Trendt

Municípios enfrentam desafios para reconstrução na Região Metropolitana

Passados quase dois meses desde que a histórica enchente invadiu ruas e avenidas da região mais populosa do Estado, as prefeituras dos municípios com maior número de moradores atingidos pela água deram os primeiros passos, mas ainda têm um longo percurso rumo à reconstrução.


Três centros de acolhimento estão em fase final de montagem em Porto Alegre e Canoas para receber desabrigados remanescentes, enquanto boa parte das obras destinadas a recuperar danos a prédios públicos se encontra em estágio de análise ou projeto, e o trabalho de remoção de toneladas de entulhos segue em andamento. 


Na Capital, até o meio da última semana haviam sido iniciadas 11 reformas em um universo de 296 equipamentos municipais afetados pela cheia. Outras cidades como Canoas recém concluíram um relatório mais detalhado dos estragos sofridos. A extensão dos danos, a complexidade dos planos de recuperação e os altos valores exigidos para reconstituir os espaços públicos são alguns dos principais desafios para a retomada em nível local – que priorizou ações emergenciais nas primeiras semanas.


A retomada de serviços e atividades em equipamentos públicos das cinco cidades com maior número absoluto de moradores prejudicados pela inundação, todos localizados na Região Metropolitana, ainda é parcial. Em escolas e unidades de saúde de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Eldorado do Sul e Guaíba prosseguem esforços de limpeza e recuperação. O serviço de recuperação de praças e áreas de esporte e a remoção de destroços também continuam com diferentes previsões de conclusão. Enquanto São Leopoldo encerrou a fase de coleta mais pesada de detritos neste domingo (30), Canoas estima algo entre 45 e 60 dias para aliviar as vias urbanas do acúmulo de lixo.


Juntos, os cinco municípios metropolitanos totalizaram mais de 450 mil pessoas alcançadas pela inundação avassaladora de maio e concentram uma fatia considerável dos prejuízos à infraestrutura pública no Estado. Somente nas redes municipais, pelo menos 95 escolas ficaram sob a água e estão voltando gradualmente às atividades. 


Na Capital, a enchente comprometeu as aulas em 14 estabelecimentos – por enquanto, apenas um voltou às atividades em um espaço cedido pelo Colégio Militar. Outros seguem em reparos, como a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Meu Amiguinho, no bairro Floresta. O prédio está em fase final de limpeza ao mesmo tempo em que já recebe obras. O antigo piso de parquet precisou ser removido, e o mobiliário terá de ser substituído. A direção busca um espaço alternativo nas proximidades para voltar a receber as cerca de 60 crianças de três a seis anos até a conclusão do trabalho, que poderá durar meses.


Conforme um relatório encaminhado pela prefeitura da Capital na última terça-feira (25), 158 bens municipais haviam sido vistoriados até aquele momento, e 73 se encontravam na etapa de contratação de serviço.


"A recuperação do Rio Grande do Sul e dos municípios não vai acontecer em duas semanas ou dois meses. É um processo que vai demorar. São obras pesadas, obras complexas, que você não resolve com coisas simples", argumenta o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, lembrando que espera contar com o apoio da iniciativa privada para "adotar" projetos de reforma.


Parceria para acolher desabrigados


A realocação de desabrigados de abrigos improvisados para centros de acolhimento é outra frente de ação por meio de parceria entre a prefeitura da Capital e de Canoas com o Estado e a iniciativa privada. Na última sexta-feira (28), o número de pessoas em todo o Rio Grande do Sul sem moradia havia caiu mais de 10 vezes em comparação ao período agudo da cheia, mas ainda somava 6,9 mil pessoas – das quais 2,5 mil se encontram nesses dois municípios.


A expectativa do Piratini é concluir o primeiro Centro Humanitário de Acolhimento em Canoas na próxima semana, e ainda na primeira quinzena de julho entregar mais um na mesma cidade e outro localizado no Centro Vida, na Zona Norte de Porto Alegre. Se for necessário, poderiam ser erguidas outras duas unidades na Capital.


"Mantidos os números de desabrigados, os centros previstos para o nosso município dariam conta. Em relação à construção de casas definitivas, estamos terminando de produzir os laudos das moradias danificadas para elaborar os projetos. É um processo longo", admite o secretário de Apoio à Reconstrução de Canoas, Roberto Tejadas, para quem será crucial o auxílio dos governos estadual e federal para fazer frente aos desafios deixados pela inundação.


Recuperação dos sistemas contra cheias é parcial


Uma das tarefas prioritárias das prefeituras foi recuperar os sistemas de contenção de enchentes. A exemplo de outras frentes, esse trabalho também não terminou. Em Porto Alegre, até o final da semana estavam funcionando 22 das 23 casas de bomba de água pluvial do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). É um número superior ao registrado no momento mais grave da inundação, quando havia quatro estações operando, mas ainda aquém do ideal. Como nem todos os motores voltaram a funcionar, a capacidade média de bombeamento do sistema se mantinha em 65%.


O diretor-geral do Dmae, Maurício Loss, afirma que a prefeitura segue trabalhando para recuperar a estrutura atual e promete realizar melhorias no complexo de contenção de cheias e alagamentos. A ideia é ampliar a segurança das casas de bomba e dos diques, que deverão passar por 200 sondagens de solo a fim de subsidiar um projeto de reforma que será elaborado com ajuda de consultorias.


"São obras que teremos de fazer, trocar painéis elétricos, motores por bomba submersíveis, corrigir falhas no projeto original do sistema. Vamos fazer o chamamento de consultorias e fazer licitação para executar as obras", explica Loss, sem garantir prazos de início ou término das ações.


Para custear esse trabalho, uma das estratégias será alterar a destinação de empréstimos internacionais que já estavam alinhados e poderiam chegar a R$ 3,7 bilhões, além de outras fontes como recursos próprios do Dmae. O cenário é semelhante em Canoas e São Leopoldo.


"Fizemos ações emergenciais de recuperação dos diques em que houve transbordo. Teve extravasamento em duas cabeceiras dos diques. Recuperamos com ações emergenciais, mas ainda não na totalidade. Estamos com cerca de 80% das bombas em funcionamento", afirma o assessor especial do gabinete do prefeito de São Leopoldo, Nelson Spolaor.


Em Canoas, a prefeitura recompôs um dique rompido junto à BR-448 com pedras e argila na semana passada, mas também segue trabalhando para recolocar em operação todas as bombas pluviais nas oito estações existentes.


Fonte: GZH

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