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Narrando os 200 anos da imigração alemã no Brasil: 44º capítulo - A Educação e Produção do Conhecimento - 4ª Parte

A Educação e Produção do Conhecimento - 4ª Parte


 Na percepção do Pe. Rambo, que também era descendente de alemães, as regiões coloniais precisavam de lideranças que fomentassem o que havia em termos de germanidade,227 além de bons professores católicos, uma vez que o Estado não instalava nem mantinha escolas nas comunidades um tanto quanto isoladas, ainda em meados do século XX.


Entretanto, todos os projetos das comunidades alemãs e dos padres retrocederam com o advento e o transcurso da Segunda Guerra. Apesar da proibição, em amplos aspectos, da expressão cultural alemã, Pe. Rambo continuava agindo nos bastidores, esperneando de todo jeito para neutralizar algumas das investidas da política de nacionalização. Permaneceu fazendo o sermão em alemão na igreja São José de Porto Alegre, onde atuava, bem como nas visitas que fazia às comunidades católicas do município de São Leopoldo.

Em função da figura importante que era, e de sua conduta ilibada, as autoridades ficavam reticentes em enfrentá-lo. Até mesmo o Arcebispo de Porto Alegre, Dom João Becker, de perfil centralizador e autoritário, mesmo determinando que as instituições escolares católicas, tanto as de caráter paroquial quanto as mantidas por congregações religiosas, se adequassem às regras do Estado Novo de Getúlio Vargas, não fez retaliações ao Padre Rambo. Dom João Becker possuía entendimento e postura que não seguia na mesma direção, em relação à Campanha de Nacionalização. Inclusive deu apoio ao governo estadual quando se fazia necessário tomar medidas mais enérgicas para com as escolas católicas que não estavam se adequando aos ditames do regime.

Na seara das escolas confessionais, entre as congregações e ordens religiosas que se estabeleceram em São Leopoldo, a partir da segunda metade do século XIX, podemos destacar, além dos já referidos padres da Companhia de Jesus (Jesuítas): Irmãos Maristas, Congregação das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã (em 1872), Congregação das Irmãs de Santa Catarina (em 1900) e Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria (em 1900).

Vinte anos após a chegada a São Leopoldo dos padres jesuítas que se comunicavam na língua alemã, no ano de 1869 entregam à cidade sua obra de maior envergadura até então. Fundado em 31 de julho de 1869, o Ginásio Nossa Senhora da Conceição era um educandário masculino, cuja finalidade inicial era formar “professores para os distritos coloniais e padres para a cura de almas”. Além da posição de referência no ensino, o prédio do Ginásio Conceição, pela sua imponência e estilo arquitetônico, também deixou como legado um cartão postal permanente para São Leopoldo.


Quem deu os primeiros passos para a existência desse colégio foi o Padre Klüber, que desejava a fundação de uma escola católica. A instalação efetiva de um educandário coube ao Padre Bock, sucessor do Padre Klüber.


 O colégio abriu as portas com 12 meninos. O próprio bispo D. Sebastião realizou a bênção inaugural, por ocasião da festa do Rosário, em 1869. O ano de 1873 começou com 13 internos, um deles de origem luso-brasileira. O primeiro professor foi o Padre Minkenberg, e o segundo foi o Padre Stephan Kiefer, encarregado de várias disciplinas, acompanhado pelo irmão Peter, um antigo sub-oficial, alfaiate e supervisor de estudo. Entretanto, aos poucos a instituição assumiu uma dimensão mais ampla e para além de atender apenas a demanda de católicos de origem alemã e seus descendentes. Seu funcionamento enquanto colégio persistiu até 1912, quando o então arcebispo de Porto Alegre, Dom João Becker, solicitou a sua transformação em Seminário Central, para a formação dos sacerdotes do Rio Grande do Sul.


Com o passar do tempo, demandas e necessidades se multiplicaram, demonstrando que os espaços disponíveis não seriam suficientes. O Padre Schleipen encarregou-se da nova construção. Em meio ano a construção do novo prédio estava pronta, oferecendo novos espaços aos estudantes. No início de 1872 eram 25 alunos, já em fevereiro eram 35, e em março 43 alunos internos. Em outubro de 1873, uma grande enchente fez com que os padres ministrassem as aulas no prédio da Câmara de Vereadores. No verão de 1874, devido a uma epidemia de varíola, o colégio teve que fechar temporariamente.


Durante seus anos de funcionamento em frente à atual rodoviária de São Leopoldo, o Ginásio Nossa Senhora da Conceição se constituiu por um determinado período, entre o final do século XIX e o início do século XX, no precursor da pedagogia jesuítica no sul do Brasil. A chegada dessas congregações a São Leopoldo se insere no contexto da política da Kulturkampf, implementada por Otto von Bismarck, no período de unificação da Alemanha, que forçou a saída de muitos religiosos católicos da Alemanha. Nesse contexto, religiosos alemães de várias ordens, bem como estudantes e padres, eram enviados ao Brasil, especificamente a São Leopoldo, numa época em que o ensino superior ainda não estava estabelecido no Brasil na área da Educação. Sem dúvida, suas contribuições foram valiosas na produção do conhecimento.


Fonte: Histórias de São Leopoldo: dos povos originários às emancipações, de Felipe Kuhn Braun e Sandro Blume/ Pesquisa Bado Jacoby


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