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Narrando os 200 anos da Imigração alemã: 22º Capítulo - Desenvolvimento econômico


Desenvolvimento econômico


Na fase primeira da colonização alemã era praticada a cultura de subsistência, sendo que os principais produtos cultivados eram a batata doce, o feijão preto e a batata inglesa. Já num segundo momento, buscando diversificar a produção, iniciou-se a cultura do milho, da cana-de-açúcar e do fumo, a criação de porcos e a produção de banha.


À medida que os colonos foram se instalando e cultivando as terras, a agricultura fosse se diversificando com vistas a atender o mercado local e também a exportação. Para Roche (1969, p. 403), o mecanismo de trocas instituído entre os agricultores e os comerciantes impulsionou o comércio e ainda, segundo o autor, “o comércio tem suas raízes nas colônias, e ao desenvolvimento destas deve sua prosperidade. [...] Houve, assim, simbiose entre o comércio e a agricultura”.


Devido à fartura das colheitas, foram-se estabelecendo laços comerciais e os excedentes remetidos para o mercado da capital, Porto Alegre, bem como, as mercadorias da capital distribuídas entre as pequenas vendas rurais. O desenvolvimento da colônia de São Leopoldo entre os anos de 1850 a 1900, ocorreu com a produção e manufatura da produção agrícola e caracterizou-se pela expansão e consolidação do comércio através da comercialização dos excedentes entre os imigrantes alemães da capital e da colônia, tornando Porto Alegre, capital da Província até 1889, centro de consumo e exportação dos produtos coloniais e também das relações administrativas e políticas da região colonial.


A navegação fluvial teve grande importância no processo de implantação e desenvolvimento econômico social da colônia de São Leopoldo. Nesse período, a navegação fluvial era o principal meio de transporte, tanto para passageiros quanto para o escoamento da produção. Dessa forma, a navegação constituía-se numa atividade econômica explorada pelos imigrantes e seus descendentes.


Com o passar dos anos o transporte fluvial, que inicialmente era feito por gabarras foi sendo substituído por barcos a vapor e após a década de 70, iniciou-se a construção da linha férrea, diminuindo as distâncias entre a região colonial e a capital da Província.


A demanda por produtos manufaturados como farinha de trigo, azeite, aguardente, cerveja e tecidos de linho e de algodão intensificou a produção artesanal familiar. Para Roche (1969, p.481) “O artesanato rural dividiu-se em dois ramos: o fornecimento dos artigos necessários à vida local e a transformação dos produtos agrícolas para torná-los exportáveis”.


Com a Revolução Farroupilha e a consequente dificuldade no abastecimento de gêneros alimentícios, surgiu a necessidade do plantio do trigo, importante cereal que chegou a ser exportado de 1845 a 1850. Roche (1969, p.245)


No entanto, apesar das autoridades brasileiras incentivarem o plantio do trigo, os imigrantes alemães preferiram cultivar o milho, com o qual produziam o pão. Assim, o plantio do milho teve relevância para a região colonial tanto para atender o mercado interno quanto para o mercado externo. Também merece destaque, nesse sentido, o feijão preto, a mandioca e a produção de banha.


Verifica-se assim, que a região colonial foi a propulsora da diversificação da agricultura na Província. Impulsionados por uma orientação comercial, a prosperidade da colônia aos poucos foi transformando a economia. O ambiente favorável fez com que alguns agricultores voltassem a desempenhar seus ofícios e assim, apareceram os alfaiates, os charuteiros, os serralheiros, pedreiros, ferreiros, tamanqueiros, sapateiros e chapeleiros.


Os principais ofícios no ano de 1858, eram : Moinho de azeite(30), Alfaiatarias( 12), Casas de negócio(50), Moinhos de moer grão (50), Ourivesarias(8), Sapatarias( 30), Ferrarias (23), Marcenarias( 10), Curtumes( 32), Engenhos de Cana (28) e várias outras atividades econômicas.


O desenvolvimento do artesanato rural teve seu ápice entre 1880 e 1890 e após esse período, houve um declínio, tendo em vista a expansão do comércio e a concorrência dos produtos importados (Roche, 1969).


O desenvolvimento da indústria, se comparado ao desenvolvimento da agricultura e do comércio foi mais lento e, afirma Roche (1969, p. 503) “A implantação da indústria é, todavia, antiga. Mas, depois de haver deitado algumas raízes, teve de esperar circunstâncias favoráveis para desenvolver-se e lançar ramos vigorosos”.


Ademais Porto (1996) indica que em 1843, na colônia de São Leopoldo, havia duas fábricas de azeite de mamona; trinta e quatro engenhos de cana-de-açúcar; quatro engenhos de serrar madeira e trinta e seis engenhos de mandioca.


O desenvolvimento econômico e social alcançado por São Leopoldo levou o Governo da província, através da promulgação da Lei Nº563, de 12 de abril de 1864, a elevá-la à categoria de cidade, sendo denominada então “Cidade de São Leopoldo”.


Nesta época São Leopoldo era considerado importante celeiro agrícola e já estava construindo as bases para uma produção industrial, contribuindo para a dinamização da economia da Província.


O desenvolvimento da cidade de São Leopoldo manifestava-se em várias áreas, desde a arrecadação provincial (conforme tabela abaixo), até pelo aspecto urbano com o surgimento de novas construções, jardins e praças, pelo ruído das pessoas andando nas ruas principais e pelo ruído das oficinas e pequenas fábricas.

Porto ressalta que, com o objetivo de apresentar as atividades agrícolas e industriais desenvolvidas na Província, foi realizada de 4 de outubro de 1881 a 5 de fevereiro de 1882 a Exposição Brasileira Alemã, que contou com a participação de vários municípios. Na oportunidade, São Leopoldo apresentou uma grande variedade de produtos, conforme tabela abaixo:


Já na Exposição Provincial de 1866, os colonos de origem alemã ou de descendência direta apresentaram também uma quantidade de produtos variados: fumo, vinho, tecidos de algodão e linho, cordas, chapéus, presuntos, salsichões, carne defumada e salgada, licores, cerveja, couros, calçados e artigos de selaria. Além de trabalhos de ferreiros, ferradores, armeiros, litógrafos, de um fotógrafo e de um cinzelador de ouro e prata (Roche, 1969).


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