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Obras para construção de memorial em homenagem às vítimas da Boate Kiss começam até 10 de maio


Imagem: Marcelo Oliveira/ Prefeitura de Santa Maria.

As obras para criação do memorial em homenagem às vítimas da tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria, terão início autorizado pelo poder público municipal até o dia 10 de maio. O espaço, a ser composto por jardins, auditório e sala para exposições de arte, será edificado sobre as ruínas da casa de entretenimento onde 242 pessoas perderam a vida em 27 de janeiro de 2013.


Nenhuma intervenção ocorrerá até a ordem de início. Idealizadores do projeto não tratam a etapa inicial dos serviços como demolição, pela dissonância com o propósito da ação. A atividade começará pela remoção de materiais que não fazem parte da proposta de preservação. A entrega do memorial está projetada para acontecer entre o final deste ano e as primeiras semanas de 2025.


Fachada do prédio, bem como itens remanescentes da composição visual da danceteria, estão sendo inventariados para integrar o acervo permanente da instituição. A intenção dos idealizadores é constituir um ambiente de preservação da história, reflexão, oração e educação para o futuro.


"É um sentimento de realização que, de um certo modo, materializa uma expectativa muito grande. Tenho plena certeza que não se resume a uma obra, mas corresponde a uma nova perspectiva para cada integrante da nossa comunidade", avalia o presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Gabriel Rovadoschi Barros.


Sobrevivente da tragédia, ele diz acreditar que o memorial se tornará uma referência para as pessoas emocionalmente envolvidas e também deverá representar a indicação de um "caminho para o futuro no qual tragédias desta natureza e magnitude jamais se repitam".


"Imagino um lugar onde sobreviventes e familiares poderão se encontrar e preservar suas memórias. Penso também em um local de manifestações artísticas, visitação de estudantes e intervenções de caráter pedagógico. Construir um memorial não é olhar para trás, mas preservar as experiências humanas para a construção de um futuro seguro", define o presidente.


Entre os itens que serão catalogados para a composição do acervo permanente estão portas, guarda-corpos (grades de metal), mobiliário do bar, peça do guichê da bilheteria, fragmentos do telhado rompido pelos bombeiros para evacuação da fumaça e alguns espelhos. Conforme a AVTSM, ainda não há designação de um nome oficial para o memorial.


Estruturas passarão por análise


Antes da confirmação acerca da possibilidade de preservação de parte do prédio, edificações remanescentes serão submetidas a análises estruturais para indicação sobre a viabilidade e a segurança da utilização de tais construções. A principal estrutura a ser examinada, explica Paulo Silveira, administrador da Infa Incorporadora, empresa executora do projeto, é a parede da fachada da Kiss.


"Existe o pedido expresso da associação para a preservação da fachada e esta solicitação será atendida, com a manutenção dos materiais ou pela substituição na mesma forma da original. A decisão depende da avaliação de segurança que ocorrerá como um dos primeiros passos da obra", conta o empresário.


O executivo da construtora aponta, ainda, a necessidade de averiguação sobre os danos e o desgaste nos diferentes materiais que compuseram as diferentes etapas de construção e ampliação do prédio onde funcionou a boate.


"Tem paredes de pedra-areia (alicerce), tijolos e pedra-ferro. Metais de armação do concreto sofreram modificações decorrentes do calor produzido pelo incêndio, além da exposição ao ambiente ocasionada pelo ócio dos últimos anos. Cada material precisa ser analisado", argumenta.


Silveira descreve que, após as análises, são previstas duas semanas para remoção de materiais. O planejamento da Infa é começar a edificação das novas instalações em meados de junho, considerando que a autorização da prefeitura ocorra até 10 de maio.


Recursos para obra estão assegurados


O valor para a construção do memorial está estimado em cerca de R$ 4,3 milhões. A fatia mais substancial, de aproximadamente R$ 4 milhões, tem origem no fundo constituído para reparação dos danos coletivos e foi transferida pelo Ministério Público para a prefeitura, gestora institucional do projeto. O restante será aportado pela administração municipal.


"Se houver a necessidade de aportar valores, a prefeitura o fará. A conclusão deste projeto é muito importante para as pessoas atingidas pela tragédia e também para a história de Santa Maria. O recurso está assegurado", pontua o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom.


O gestor indica que a existência de um memorial representa o cumprimento de um compromisso com a comunidade santa-mariense. Diz considerar que se trata também de uma ampla demonstração de responsabilidade da sociedade gaúcha com a memória das vítimas e com a diligência por um novo olhar sobre a atenção acerca da prevenção de riscos e da proteção de vidas.


Fonte: GZH

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