A Oposição apresentou nesta quinta-feira (12) ao Parlamento um novo pedido de impeachment do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, por conta do decreto de uma lei marcial na semana passada. Yoon já sobreviveu a uma votação de impedimento, ocorrida no último sábado (7).
O Parlamento sul-coreano confirmou que seis partidos apresentaram a nova moção de impeachment, incluindo o Partido Democrático, principal da oposição. O documento entregue sugere votação dos parlamentares no próximo sábado (14).
Horas antes da formalização do novo pedido de impeachment, o presidente sul-coreano subiu o tom contra os deputados da Assembleia Nacional durante um discurso televisionado. Yoon sugeriu que as eleições legislativas do país foram hackeadas pela Coreia do Norte e descartou renunciar ao cargo, prometendo "lutar até o fim".
Yoon está no centro de uma crise política, que se agravou após ele ter decretado uma lei marcial, que restringe direitos civis, no dia 3 de dezembro sob o pretexto de "identificar elementos pró-Coreia do Norte" em seu governo. A medida também visava fechar a Assembleia Nacional, mas acabou fracassando e rejeitada pelos próprios deputados.
O decreto de lei marcial rendeu ao presidente uma moção de impeachment, que não avançou entre os parlamentares porque seu partido boicotou a votação. Ele também é alvo de uma investigação por insurreição. A polícia sul-coreana tentou realizar uma operação de buscas em seu gabinete, mas foi impedida pela segurança do local. Além disso, o ex-ministro da Defesa, que teria sido o mentor da medida, foi preso.
No pronunciamento dessa quinta, Yoon acusou a Oposição de tentar tirá-lo do cargo e afirmou que decretou a lei marcial para preservar o país de uma "ditadura parlamentar de Oposição".
Durante o pronunciamento, o presidente negou que estivesse tentando destruir a Constituição da Coreia do Sul. Atualmente, Yoon está sendo investigado criminalmente por insurreição. "Lutarei até o fim para impedir que as forças e os grupos criminais responsáveis por paralisar o governo e alterar a ordem constitucional do país ameacem o futuro da República da Coreia. (...) "Vou enfrentar impeachment, investigações e o que mais vier", afirmou.
Yoon também defendeu a lei marcial que decretou e fez ataques à Comissão Eleitoral, órgão máximo das eleições sul-coreanas.
Mudança no tom
Em seu discurso nessa quinta, o presidente da Coreia do Sul também afirmou que determinou ao ministro da Defesa que faça uma inspeção no sistema da Comissão Eleitoral. Yoon disse que um dos motivos que levaram ao decreto da lei marcial na semana passada era a necessidade de uma investigação contra o órgão responsável pela eleição.
Segundo ele, a Comissão Eleitoral foi hackeada pela Coreia do Norte no ano passado e que o órgão, que é independente, recusou-se a cooperar numa investigação e inspeção do sistema para salvaguardar a integridade.
O presidente disse que a recusa da Comissão foi suficiente para levantar questões sobre a integridade das eleições legislativas de abril, quando a oposição venceu o pleito e ampliou o controle sobre a Assembleia Nacional. Deste então, Yoon vem enfrentando dificuldades para aprovar projetos no parlamento, incluindo a proposta de orçamento para 2025.
O pronunciamento de Yoon foi feito horas antes da oposição apresentar um novo pedido de impeachment contra o presidente. A fala também marca uma mudança de tom em comparação com a última declaração pública dele.
No último sábado, Yoon foi à televisão para se desculpar sobre o decreto de lei marcial. Naquele dia, ele afirmou que tinha tomado a decisão de declarar a medida por causa de seu "desespero" como presidente.
"Estou muito arrependido e gostaria de pedir sinceras desculpas ao povo que ficou chocado", disse.
Agora, Yoon tentou justificar a medida, afirmando que a lei marcial é um ato de governo que não está sujeito a revisão judicial.
Fonte: g1
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