Policiais civis da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) desencadearam nesta quarta-feira (22) a Operação Mercado, apurando indícios de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas, realizada através de um mercado no bairro Arroio da Manteiga, em São Leopoldo. Segundo a corporação, o estabelecimento mantinha relações com outros indivíduos e empresas em São Paulo, também suspeitos por lavagem de dinheiro, usufruindo de créditos na casa dos R$128 milhões. Oito pessoas são investigadas no Estado gaúcho.
Foi constatado que, entre os anos de 2018 e 2021, os suspeitos movimentaram aproximadamente R$ 500 milhões. A investigação aponta que as transações, na realidade, são o elo financeiro entre uma facção com base no Vale do Sinos e a organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).
A ofensiva contou com 41 agentes da Polícia Civil, divididos em 20 viaturas, além de seis peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP), cumprindo mandados de busca e apreensão em Novo Hamburgo, Canoas e Uruguaiana, além de São Leopoldo. A ação também bloqueou judicialmente 11 contas, que juntas ultrapassam R$ 168 milhões.
Ainda durante as diligências, um homem foi preso em flagrante por posse ilegal de armas. Na residência dele, os policiais localizaram quatro revólveres calibre .38 e duas pistolas calibre 9 milímetros, de uso restrito, além de munições e R$ 25 mil em dinheiro.
Conforme o delegado Ayrton Martins Figueiredo, titular da Draco em São Leopoldo, foi apurado que traficantes do interior do estado realizavam remessas de dinheiro ao supermercado no Vale do Sinos, que por sua vez fazia a ponte com os criminosos paulistas. "A movimentação de recursos é incompatível com o patrimônio, as atividades econômicas, a ocupação profissional e com as capacidades financeiras dos investigados", destacou.
Ainda de acordo com o delegado, que coordenou a operação, um relatório técnico elaborado pelo Laboratório de Tecnologias de Combate à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil comprava que o grupo efetuou transações financeiras e bancárias de natureza suspeita, como fracionamento de depósitos de valores, contas de passagem e gastos excessivos via cartões de crédito. Além disso, o documento aponta a ocorrência de transações em criptoativos e destinação de valores para bancos no exterior, operações no mercado Imobiliário e diversos depósitos em dinheiro não identificados. Foi constatado também o uso de laranjas em movimentações financeiras expressivas, entre pessoas físicas investigadas e pessoas jurídicas.
Fonte: Correio do Povo
Comments