Um estrondo ensurdecedor ressoou, na manhã desta quinta-feira (27), por entre os montes na Serra gaúcha. A explosão fez o chão tremer e deslocou a atmosfera, gerando lufadas de ar que percorreram mais de 500 metros. No entanto, apesar da aparente semelhança, não se tratava de um desastre natural ou uma guerra, e sim da implosão da ponte que ficava sobre o Rio Caí.
Foi preciso duas toneladas de dinamite para a implosão no km 174 da BR-116, na divisa entre Nova Petrópolis e Caxias do Sul. A passagem foi demolida às 9h02 e bloqueou o trânsito por 20 minutos. Não foi preciso mais de um segundo para despedaçar uma estrutura de quase 83 anos.
Meia hora antes da implosão, o acesso à rodovia foi bloqueado. As ruas que levam para a Linha Temerária e São José do Caí foram fechadas cerca de 800 metros antes da BR-116 e também houve restrições nos acessos à ponte em Caxias do Sul. Por causa dos 2 mil kg de explosivos, os moradores do entorno precisaram sair de casa até que o serviço fosse concluído.
A ação foi acompanhada por militares do Exército Brasileiro, que já atuam na vigilância da localidade e também fizeram o monitoramento dos acessos à ponte durante o processo de demolição controlada. Dentro de um período de 15 dias, os soldados devem realizar a instalação de uma ponte metálica provisória, que vai permitir o desbloqueio total da BR-116.
A implosão da antiga ponte foi feita por equipes da empresa Detonar, de Minas Gerais. A Construtora Cidade, de Porto Alegre, que foi a vencedora do processo de chamamento público no início do mês, vai erguer uma outra ponte no mesmo local e também fará a remoção e destinação dos resíduos contaminados, como é o caso da massa asfáltica que revestia a pista da estrutura demolida.
O investimento na construção da nova travessia vai ultrapassar R$ 31 milhões, de acordo com o Ministério dos Transportes. O prazo contratual para a execução da obra é de oito meses, mas, conforme o ministro Renan Filho, a construtora e o governo federal tentarão entregar a nova ponte em seis meses.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) têm trabalhado para adaptação das margens do rio com construções nas cabeceiras para receber a estrutura. De acordo com o coordenador de engenharia terrestre do Dnit, Pedro Coutinho dos Santos, a nova ponte será maior e mais resistente do que a antiga.
“Será feita uma construção com 13 de largura e altura, cerca de um metro a mais que a anterior, além de 180 metros de extensão. A altura e o matéria mais novo vai evitar que a estrutura sofra avarias em caso de uma nova cheia”, afirmou o coordenador de engenharia terrestre do Dnit.
A antiga ponte estava interditada desde o dia 12 de maio, quando chuvas intensas aliadas à correnteza fizeram parte de uma das pilastras ceder, gerando rachaduras na pista. A demolição da estrutura foi necessária porque houve avarias no pilar central, instalado dentro do rio, devido à pressão do alto volume de águas que escoavam pelo Rio Caí, que chegou a subir quase cinco metros além da cota de inundação.
De acordo com o Arquivo Histórico Municipal Linho Grings, de Nova Petrópolis, a antiga ponte que ligava a Caxias do Sul foi inaugurada no dia 9 de novembro de 1941. No ano anterior, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, esteve no local para examinar o andamento das obras sobre o Rio Caí.
Fonte: Correio do Povo
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