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Projeto de pesca cooperativa entre pescadores e botos no Litoral Norte receberá R$ 950 mil nos próximos três anos

Foto do escritor: Start Comunicação Start Comunicação

Imagem: Ignácio Moreno/ Ceclimar.

Com a retomada de investimento da Transpetro por meio de um convênio firmado com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Projeto Botos da Barra, do Rio Tramandaí, receberá R$ 950 mil nos próximos três anos. Realizada na região onde a companhia opera o Terminal Marítimo Almirante Soares Dutra (Tedut), a iniciativa do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da UFRGS busca salvaguardar a pesca cooperativa entre pescadores e os botos-de-Lahille –uma espécie de golfinho ameaçada de extinção.


A ação socioambiental mantém viva a tradição de uma interação rara no mundo, de cooperação entre humanos e animais: os botos cercam os cardumes de tainha utilizando a ecolocalização e sinalizam aos pescadores o momento ideal para lançar as tarrafas. Assim, os pescadores garantem a pesca – e renda e alimento – enquanto os botos comem os peixes que se desorientam dos cardumes e escapam das redes.


A área de estudo será expandida, incluindo o Sistema Lagunar Tramandaí-Armazém e as águas costeiras adjacentes à barra, uma região de relevância ecológica e econômica – o que ampliará o impacto das medidas e permitirá alcançar um público ainda maior.


A nova fase do projeto, com convênio firmado até 2027, também dará ênfase à educação ambiental direcionada a escolas e à comunidade em geral, abordando a importância da alimentação de qualidade e do valor cultural e imaterial da pesca com botos.


"Ao retomar o convênio com o Projeto Botos da Barra, apoiaremos o fortalecimento da economia local e a valorização da identidade cultural da região, além de gerar conhecimento científico e engajamento da comunidade ", afirma o gerente de Responsabilidade Social da Transpetro, Jordano Zanardi.


Coordenador do projeto e professor da UFRGS, Ignacio Benites Moreno compartilha as expectativas para a segunda fase. "Conseguiremos avançar e pensar no futuro, consolidar o conhecimento, trazer novas informações para a comunidade e contribuir para a construção de políticas públicas eficazes na proteção da pesca cooperativa e do ecossistema estuarino-lagunar onde ela ocorre", diz Benites.


Resultados obtidos


A primeira fase de investimentos no projeto, realizada entre 2015 e 2017, teve resultados significativos, como o reconhecimento da Barra do Rio Tramandaí como uma área estratégica para a conservação da espécie. A iniciativa foi fundamental para mapear e fortalecer a pesca artesanal, além de proporcionar o monitoramento ambiental contínuo dos botos.


Também colaborou para a inclusão da espécie em outras políticas públicas brasileiras, como o Plano de Ação para a Conservação dos Cetáceos Marinhos Ameaçados de Extinção no Brasil.


Fenômeno raro


A pesca cooperativa é uma interação rara no mundo, com ocorrências no Sul do Brasil e no Sul e sudoeste do continente asiático – mais especificamente, na Índia e em Myanmar (antiga Birmânia). Essa tradição é transmitida culturalmente. Na Barra do Rio Tramandaí, os comportamentos associados a essa interação vêm sendo propagados entre as gerações de pescadores e botos há, pelo menos, 120 anos. Atualmente, 13 botos são considerados residentes na Barra e participam da pesca cooperativa.


Fonte: GZH

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