
Quais os sonhos e medos das nove famílias alemãs que desembarcaram no Vale do Sinos em 25 julho de 1824? A natureza estranha, o idioma, o clima e tantos outros desafios. Cansados de guerras, da fome e da falta de terra e de trabalho na Europa, aceitaram o convite para buscar uma vida melhor no Brasil
Os 39 colonos, sem saber, davam início a um grande movimento migratório no sul do Brasil. Cidadãos de língua alemã já estavam por aqui desde a chegada dos portugueses, mas a partir de 1824 vieram levas de imigrantes atraídos pelo Império. Dom Pedro I precisava de soldados.
Um mês antes da Independência, em 1822, José Bonifácio enviou à Europa o major Georg Anton Schaeffer, médico que teve a missão de atrair soldados e famílias. O plano era formar colônias rural-militares no Brasil. Em tempos de paz, teriam produção de alimentos. Nos momentos de guerra, ofertariam soldados.
Inicialmente, as famílias ficariam no Sul da Bahia e em Nova Friburgo, na região Serrana Fluminense. Por ordem de Dom Pedro I, em março de 1824, o presidente da província do Rio Grande do Sul, José Feliciano Fernandes Pinheiro, recebeu a tarefa de acolher colonos. Ele decidiu ocupar a desativada Feitoria do Linho Cânhamo, uma fazenda estatal para produção de cordas para navegação com trabalho escravo.
Os primeiros imigrantes enviados para formar a colônia de São Leopoldo vieram com um grupo de mais de 300 pessoas no navio Anna Louise, que partiu de Hamburgo. Quase todos os passageiros, em torno de 260 solteiros, ficaram no Rio de Janeiro para atuar no exército. As nove famílias (38 pessoas) foram enviadas ao Rio Grande do Sul no bergantim São Joaquim Protector. Na viagem, nasceu um menino.
A chegada a Porto Alegre ocorreu em 18 de julho de 1824. Depois de cinco dias de espera, o grupo partiu em pequenas embarcações, subindo o Rio dos Sinos. O desembarque foi no Porto das Telhas, atual Praça do Imigrante, em São Leopoldo, de onde seguiram até a Feitoria, onde esperaram a demarcação de terras. Chegava ao fim a viagem de quatro meses.
O nome da colônia homenageou a imperatriz brasileira, a austríaca Dona Leopoldina. São Leopoldo é o padroeiro da Áustria.
Dos mais de 11 mil alemães angariados por Schaeffer entre 1824 e 1830, cerca de 5 mil se estabeleceram em São Leopoldo. A oferta de terras foi o grande atrativo para as famílias. Elas vieram de vários territórios germânicos. A Alemanha que conhecemos hoje é resultado da unificação de 1871.
As pioneiras famílias Krämer, Höpper, Hammel, Pfingsten, Rust, Timm, Bentzen e Jacks, com tantas outras que vieram depois, ajudaram na formação do Rio Grande do Sul.
Primeiras famílias de colonos de São Leopoldo
Johann Michael Krämer e Maria Margaretha Post (esposa)
Johann Friedrich Höpper, Anna Margaretha Schröder (esposa), Maria Anna Margaretha Reincke (enteada de Höpper), Johann Friedrich (filho) e Johann Ludwig (filho que nasceu na viagem entre RJ e Porto Alegre)
Paul Hammel, Maria Teresa Bug (esposa), Carl Adam (filho) e Anton (filho)
Johann Otto Heinrich Pfingsten, Anna Catharina von Schneen (esposa), Carolina Fredericka Helena (filha), Dorothea Caroline (filha), Friedrich (filho), Catharina Cristiane (filha) e Maria (filha)
Johann Christian Rust, Anna Maria Hennerica Schröder (esposa) e Johanna Carolina Luisa (filha)
Johann Heinrich Timm, Ana Margaretha Kofoth (esposa), Johann Heinrich (filho), Anna Catharina (filha), Catharina Margaretha (filha), Johann Georg (filho) e Jacob (filho)
Christian August Timm, Catharina Maria Magdalena Schacht (esposa), Joachim Christoph (filho) e Johann Jacob (filho)
Jasper Heinrich Bentzen, Eggert Friedrich Kruse (filho adotivo) e Johann Heinrich (filho)
Johann Heinrich Jacks, Catharina Grimms (esposa), Johannes Heinrich (filho) e Johannes Jochem (filho)
Fonte: GZH
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