Segurança Pública em foco: desafios e superação da Guarda Municipal em Canoas e São Leopoldo

Start Comunicação
25 de fev.
4 min de leitura

Lideranças discutem atuação das guardas municipais, impactos da enchente e avanços com a decisão do STF

Imagem: Mariana Santos/ Start Comunicação.

Nesta terça-feira (25), O Programa Start News, recebeu o presidente do Sindiguardas RS, Robson Camargo, o comandante da Guarda Municipal de Canoas, Luiz Tailor Moreira, e o secretário adjunto de Segurança Pública de Canoas, Jonatan Martins, que abordaram temas essenciais para a segurança pública, desde a atuação durante a enchente até os recentes avanços legais para as guardas municipais.

Enchente: união e dedicação dos Guardas Municipais

Os representantes destacaram o papel fundamental das guardas municipais durante a enchente que devastou parte das cidades de Canoas e São Leopoldo. O comandante Luiz Tailor Moreira relembrou os dias difíceis após o rompimento dos diques em Canoas.

"Foram mais de uma semana envolvidos com resgates e salvamentos. Canoas ainda está sob decreto de calamidade, seguimos em reconstrução da cidade, tanto de estruturas quanto de material humano", relatou.

Jonatan Martins enfatizou a dedicação dos guardas, mesmo aqueles que foram diretamente atingidos pela tragédia. "Muitos guardas ficaram abrigados na própria Secretaria de Segurança e fizeram questão de continuar trabalhando. Eles dormiam lá, pela manhã colocavam a farda e saíam para ajudar", contou emocionado.

Robson Camargo reforçou que o cenário foi semelhante em São Leopoldo, onde muitos agentes perderam suas casas, mas não deixaram de atuar em prol da segurança pública. "A maioria dos agentes ficou envolvida direto, procurando ajudar. Minha casa mesmo só começou a baixar a água 25 dias depois", lembrou.

Reconhecimento do STF e avanços para as Guardas Municipais

Uma das pautas centrais da conversa foi a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que ampliou o reconhecimento das guardas municipais como forças de segurança pública. A decisão assegura o poder de polícia para as guardas, legitimando suas ações preventivas e ostensivas.

"Essa decisão do STF nos deu segurança jurídica. Antes, mesmo armados e treinados, havia incertezas sobre a legalidade das nossas ações, especialmente em situações de flagrante", destacou Jonatan Martins.

Robson Camargo reforçou a importância da medida: "Ainda havia muita resistência, inclusive no Judiciário. Muitos entendiam que a guarda só podia cuidar de prédios públicos, mas essa decisão muda o jogo. Agora, nossas ações estão legitimadas e reconhecidas como policiamento preventivo e ostensivo".

Desafios estruturais e necessidade de investimento

Embora a decisão do STF seja um marco, os desafios operacionais persistem. O comandante Luiz Tailor Moreira mencionou a necessidade de ampliar o efetivo em Canoas.

"Estamos prestes a ficar com apenas 118 guardas no efetivo, sendo que já tivemos 156. Precisamos de mais agentes e de um planejamento adequado para continuar oferecendo segurança de qualidade", afirmou.

Além disso, Martins explicou que a cidade está criando um centro de formação próprio para treinar novos guardas. A estrutura é essencial para que o município possa capacitar sua equipe e atender às novas demandas de segurança pública.

Integração das forças de segurança: uma meta a ser alcançada

Outro ponto abordado foi a integração das guardas municipais com outras forças de segurança, como a Brigada Militar e a Polícia Civil. Camargo lembrou que em São Leopoldo, a central integrada que unia as forças de segurança foi desativada há cerca de oito anos, o que trouxe dificuldades no atendimento das ocorrências.

"Muitas vezes a população liga para a guarda e é encaminhada para a Brigada Militar, e vice-versa. Isso gera insegurança e falta de respostas rápidas. Precisamos retomar essa integração", afirmou.

Em Canoas, segundo Martins, o centro integrado de comando e controle existe, mas atualmente conta apenas com a Guarda Municipal e a Secretaria de Trânsito. "Montamos a estrutura, convidamos as outras forças, mas falta vontade política para essa integração efetiva", lamentou.

Futuro: polícia municipal e novos projetos

Com a nova decisão do STF, a Guarda Municipal de Canoas já pensa em evoluir para o conceito de Polícia Municipal, o que permitiria uma atuação ainda mais ampla e integrada na segurança pública.

"Estamos estudando essa mudança de nomenclatura e estrutura. A decisão do STF abre portas para buscar novos recursos e fortalecer nosso papel como agentes de segurança urbana", explicou o comandante Tailor.

Camargo completou mencionando a importância de recursos diretos para as guardas:

"Precisamos de fundos específicos para a segurança pública nos municípios. Atualmente, dependemos de projetos e convênios, mas a burocracia dificulta o acesso aos recursos".

Reflexão e Reconhecimento

Ao final da conversa, os convidados reforçaram a importância de valorizar os agentes de segurança que atuam na linha de frente, muitas vezes colocando suas próprias vidas em risco.

"Colegas sendo resgatados por colegas, guardas que ficaram sem notícias de suas famílias, mas continuaram trabalhando. Isso mostra o comprometimento e a vocação desses profissionais", concluiu Martins.

A entrevista deixou claro que, mesmo em meio aos desafios, as guardas municipais têm avançado, se adaptado e se mostrado essenciais para a segurança pública local. Com a recente decisão do STF, há um horizonte promissor para a valorização e o fortalecimento dessas corporações.

A gravação completa do Programa Start News está disponível nos canais da TV Start News no YouTube e Facebook, e tem reprise nesta quarta-feira (9), às 20h30, na radiostart.com.br.