Nesta terça-feira (6), o Programa Start News recebeu o coordenador de Metodologia no Comitê de Cultura do Rio Grande do Sul, André de Jesus. Durante a conversa foram destacados a relevância da cultura no contexto socioeconômico brasileiro e os desafios enfrentados pelo setor nos últimos anos. Além disso, André também abordou diversos aspectos críticos para a compreensão da retomada cultural no Estado e a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).
André iniciou sua fala destacando a necessidade urgente de reconstruir o Ministério da Cultura (MinC), que havia sido extinto nos últimos anos. "Todo cidadão brasileiro tem direito à cultura. Então, é um prazer estar com vocês nessa roda, nesse papo, para a gente falar um pouco dessa política de sistema, que a retomada, quer dizer, que a reconstrução do ministério, que foi extinguido no Brasil nos últimos anos, e que o setor cultural foi brutalmente atacado por fake news, por falas desproporcionais de agentes públicos, pela falta de compreensão do poder que nós temos na economia, que o Brasil é exportador. Todos nós sabemos da música, do teatro, do cinema e também das nossas culturas populares", afirmou.
Para André, a militância contra fake news, machismo, racismo e homofobia é central para o setor cultural. "Muito legal veículos [de imprensa] também falarem sobre a importância dessa militância que a gente faz no Brasil contra fake news, contra o machismo, contra o racismo, contra a homofobia, porque são pautas humanas, centrais para o nosso setor. Elas são pautas que parece que atravessam o nosso fazer, e que, para isso, a gente está à disposição da luta popular, da luta pública, de defesa da democracia, porque a gente percebe que tem alguns setores que não elevam isso como uma importância", ressaltou.
André também trouxe à tona a importância econômica da cultura, destacando um recente seminário sobre o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), que regula as organizações da sociedade civil (OSCs) e suas relações de parceria com o Estado. "O setor cultural tem questões óbvias de ser pessoas populares, cidadãos, cidadãs, artistas, produtores, que podem, nesse mercado da economia, estar em um lugar de privilégio. A gente teve agora em Brasília um grande seminário sobre o MROSC, que é o regulador das OCSs, do terceiro setor, que também é um setor atacado por esses setores mais conservadores da sociedade brasileira, da alta burguesia brasileira, capitalizado por um capital internacional", explicou.
O coordenador enfatizou a diversidade cultural do Brasil e a resistência de comunidades marginalizadas. "Claro que nós, como pessoas que compreendemos um todo brasileiro, vivemos numa bolha local, regional e pseudo-colonista, pseudo-colonizada europeia, e percebe que a cultura brasileira é uma das coisas mais importantes nesse país. Resistiu às comunidades que vieram de vários lugares do mundo, alguns em situações bem precárias, como os negros, e alguns que ficam em situações bem precárias, como o povo indígena. A gente luta para que essas situações, essas ações afirmativas, sejam políticas públicas", afirmou.
Sobre o impacto econômico das políticas culturais, André mencionou um programa de retomada que injetará recursos significativos na economia gaúcha. "Então, o Retomada Cultural é um programa do Ministério da Cultura, que a gente está ajudando com o Comitê da Cultura. Eu queria falar até um pouquinho antes, rapidamente, o que é essa política nacional do Comitê da Cultura, que existe em todos os estados brasileiros. É um programa novo, que o presidente Lula, na sua campanha, sempre instigou o setor cultural de criar um sistema de participação social, para refortalecer a democracia, para fortalecer o cidadão no âmbito das políticas sociais e culturais, no âmbito do sistema nacional", disse.
Por fim, André destacou a importância de estruturar o Sistema Nacional de Cultura, comparando-o com o Sistema Único de Saúde (SUS). "E nós também estamos querendo construir, e aí temos que dizer que estamos construindo, porque não está tão estruturado como se mostrou na pandemia o SUS, defendendo o povo brasileiro, todos os trabalhadores da saúde que passaram por essa crise. Nós estamos também agora para construir, passar a bola, construir o nosso Sistema Nacional de Cultura, aprovado no Congresso, funcionado pelo presidente Lula, que vai ser o nosso SUS da cultura", concluiu.
André finalizou a entrevista agradecendo a diversos grupos e indivíduos que contribuíram para o fortalecimento do setor cultural em São Leopoldo e em todo o Rio Grande do Sul. "Agradecer o espaço da Start, o espaço importante da cultura na cidade, que se destaca por essa pauta fundamental e estruturante", disse, reconhecendo a importância de uma imprensa engajada na divulgação e apoio às iniciativas culturais.
Com uma visão abrangente e integradora, André de Jesus mostrou que a luta pela cultura no Brasil envolve resistência, inclusão e a valorização do setor como um pilar fundamental da economia e da identidade nacional.
A gravação completa do Programa Start News está disponível nos canais da TV Start News no YouTube e Facebook, e tem reprise nesta terça-feira (6), às 20h30, na radiostart.com.br.
Confira a entrevista completa:
Amanda Wolff, da Redação Start
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