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Narrando os 200 anos da Imigração: 10º Capítulo - A educação nas novas terras



1ª PARTE

Desde o início, os colonos que imigraram para o Brasil e para o Rio Grande do Sul, tinham como prioridade a construção de suas moradias e escolas, no intuito de educarem os seus filhos.

Para onde quer que o alemão se dirija, e onde constrói sua cabana, por primeiro providencia pela escola, a escola alemã com língua alemã. Mesmo que no começo a vida seja dura, se o trabalho é pesado e mão com calos, o colono alemão pela sua escola, providencia os meios necessários.

Pela citação, percebe-se a preocupação existente entre os colonos em educar seus filhos, conhecedores de noções básicas de cálculo e letramento. A educação nas colônias deu-se de forma comunitária, pois era mantida pelos próprios colonos através de contribuições mensais, assim como toda a vida social e cultural das colônias que girava em torno da ajuda mútua entre os indivíduos que nela estavam alocados. Escolhia-se uma pessoa entre todas da colônia, normalmente esta pessoa era mais velha e dispunha de mais conhecimento sobre noções básicas de matemática e letramento. As aulas eram ministradas em língua alemã, sendo as primeiras aulas lecionadas sob a sombra de uma árvore até que fosse providenciada a construção de uma casa destinada como escola e igreja. O aprendizado em língua alemã garantia, de uma forma ou outra, que suas origens não fossem perdidas.


No contexto educacional das comunidades teuto-brasileiras, a instrução dos filhos dos colonos estava vinculada a uma pregação religiosa. Já que ainda não havia um espaço construído que servisse como igreja, o espaço escolar era utilizado para ambos e deveria ser a primeira instância para a formação de um bom cristão.”


As escolas seriam um mecanismo tanto para a melhor formação religiosa de seus filhos quanto para despertá-los para a vivência da cidadania” (KREUTZ, 1994, p.151). A 25 concepção de escola e de igreja estavam vinculadas a um pensamento organizacional baseados em questões sociais, políticas e econômicas. As escolas, como já mencionado, estavam ligadas a uma instituição religiosa, sobretudo à Igreja Católica e à Igreja Evangélica Protestante, que foram as crenças predominante entre os colonos.


Segundo Lúcio Kreutz (1994), houve quatro períodos históricos a respeito da formação das escolas teuto-brasileiras, sendo estes os anos de 1825-1850, 1850- 1875, 1875-1900 e 1900-1938. Na primeira fase, as escola eram precárias, restringiam-se apenas ao ensino básico indispensável. Ao final da primeira fase, as escolas de confissão católica contavam dez contra quatorze evangélicas.


Na segunda fase, as escolas contavam com o apoio dos Brummer (soldados germânicos, remanescentes dos conflitos contra Oribe e Rosas na Guerra do Prata) para ensinarem os filhos dos colonos, incentivando o associativismo e a participação política. Ao fim da segunda fase, as escolas católicas contavam com cinquenta escolas enquanto as escolas evangélica somava-se um total de quarenta e nove. A terceira fase caracterizou-se pela oposição de ambas ao liberalismo estimulado pelos Brummer.


Nesta fase, as escolas passaram a ser vinculadas a projetos específicos de cada igreja, bem como iniciou-se a formação de associações de professores, criando um canal de comunicação entre Igreja e escola. O período termina com 153 escolas de confissão católica e 155 de confissão luterana. A quarta fase, ainda segundo Kreutz, foi o período de maior desenvolvimento das escolas teuto-brasileiras, foram criadas e solidificadas estruturas de apoio a questões escolares. Iniciou-se uma fase de grande produção de materiais didáticos baseados no cotidiano do aluno, adequado aos objetivos que as escolas esperavam de seus alunados.


Este período encerra-se com 310 escolas católicas, 365 evangélicas e 112 mistas no ano de 1920, 429 escolas católicas, 570 evangélicas e 42 mistas, no ano de 1935.


FONTE: Centro Universitário UNIVATES Curso de História Licenciatura


2ª PARTE

Na primeira leva de imigrantes chegados em São Leopoldo, havia uma variedade de profissões entre os alemães. Como destaca Amstad, a maioria eram agricultores, porém o restante eram artesãos ou profissionais liberais. Faltavam nessas levas e nas primeiras décadas da imigração, pessoas ligadas diretamente ao ensino.


Na falta de profissionais da educação, as pessoas mais instruídas nas comunidades do interior, eram aquelas que assumiam a missão de educar os jovens e as crianças. Em geral, as aulas eram ministradas na casa do professor ou da professora e algumas crianças precisavam caminhar até uma hora, uma hora e meia para assistir às aulas. O apoio da Igreja Católica e da Igreja Protestante também foi de fundamental importância para o desenvolvimento educacional da população. Como o governo Imperial não construía escolas nem mesmo oferecia professores públicos nas localidades do interior, foram as ações comunitárias e a atuação das igrejas, que resultaram na construção dos estabelecimentos educacionais e no ensino aos descendentes dos imigrantes alemães.


É interessante nesse sentido, um relato do padre Amstad, na década de 1920, que mostra que as crianças ficavam pouco tempo na escola, pois, para os pais, muitas vezes, o necessário era apenas saber ler e escrever e fazer contas. Amstad escreve: “Mesmo a guerra mundial, que seguramente levantou tempestades contra e escola particular alemã, não logrou destruir um edifício alicerçado em fundamentos tão sólidos como são a consciência e a coesão dos descendentes de alemães. Nesse período, foi introduzida a duração escolar de quatro anos. Existe a esperança bem fundamentada que, em pouco tempo, seja estendida para cinco anos ao menos para os meninos”.


FONTE: jornalista e Historiador, Felipe Kunh Braun




Colaboração: Felipe Kunh Braun, Jornalista e Historiador


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