A busca por conforto e a autoaceitação - Por Cíntia Maciel
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- 10 de ago.
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Recentemente tornou-se pública a informação de que adultos estão usando chupeta com a justificativa de que é para minimizar a ansiedade e outros transtornos modernos: Síndrome de Burnout e a necessidade de parecer bem e feliz o tempo todo, por exemplo.
É fato que a vida adulta nos reserva uma série de complexos desafios.
Em uma cultura que exalta a produtividade ininterrupta e a perfeição, o que se vê é uma infinidade de imagens de felicidade e sucesso, que nem sempre condizem com o que realmente é.
Os padrões sociais com suas regras pré-estabelecidas sobre o que é ter uma carreira de sucesso, uma família "perfeita" ou até mesmo um corpo ideal, tornam a insegurança e a busca por pertencimento ainda maiores.
Nesse cenário de constante pressão, a ansiedade se torna uma sombra que nos acompanha, e a necessidade de encontrar um refúgio é cada vez mais urgente. Mas, diante de tudo isso, vale tudo em nome do conforto, da segurança e da autoaceitação? A questão nos leva a refletir sobre os limites e a essência dessa busca.
Atitudes, gestos e até mesmo a adoção de objetos, como o uso de chupetas por adultos, deixam clara a busca (quase desesperada) por reconectar-se com a própria essência, e com a criança "adormecida", que o reservatório de inocência de cada um.
Esse refúgio, ou porto seguro, nessa vida tão corrida, pode ser a solução para a mais importante das descobertas: o amor-próprio.
Porém, é necessário ter maturidade sejamos o suficiente para reavaliar antigas feridas e medos infantis, como o pavor paralisante de não ser "o escolhido".
Sob essa ótica, o poema "... Mal me quer, bem me quero", faz um convite à reflexão, de forma peculiar, sobre essa jornada. Por meio dos versos que traduzem a experiência de abraçar a si mesmo, de reconhecer o próprio valor, e de compreender que o or mais sublime está dentro de nós.
E quando a vida nos prega peças ou nos decepcionamos com outras pessoas, o combustível mais precioso é nossa própria aceitação.
A arte, e a poesia, em especial, com sua linguagem simbólica, serve expressar sentimentos complexos. A escrita, por exemplo, pode ser uma ferramenta poderosa de autoconhecimento.
...Mal me quer, bem me quero!
Quando criança,
Tinha medo
De não ser escolhida.
Por isso,
"Bem me quer/ Mal me quer"
Nunca foi
Minha brincadeira preferida.
Hoje, adulta,
E um tanto amadurecida
Olho com ternura
Para a flor "margarida".
Entendo que
Não sou responsável
Por escolhas de terceiros.
Porque eu me amo primeiro.
Ainda que eu
Não me encaixe
Em determinado padrão,
O que vale de verdade
É o que carrego
Em meu coração.
E se pudesse
Voltar à infância
Eu aceitaria
Reencontrar minha criança.
Dessa vez, de alma leve,
Sem desespero
Porque mesmo que
"Mal me queiram",
Eu bem me quero!
Querer-se bem é o ponto alto do amadurecimento e a maior forma de cuidado pessoal.
Pense nisso!
Amor-próprio não é egoísmo, mas uma forma generosa de nos aceitarmos. E assim, nos tornamos mais capazes de nos relacionar com os outros de forma saudável.

Cíntia Maciel, é Professora na rede privada e estadual, Graduada em Letras e Escritora, Especialista em Neuropsicopedagogia, Supervisão Escolar e Atendimento Educacional Especializado (AEE) com ênfase em Autismo.


































Tudo requer um ponto de equilíbrio nesta vida, quando não o obtemos, certamente, virão fugas, das diversas formas, sejam por vias materiais ou até desviando-se de princípios espiritualmente.
Obter boas leituras, saber autocríticar-se; saber quando parar, trocar de empresa, por exemplo, e quando agir sobre qualquer sentimento estranho, são momentos de dignidade e sabedoria. O que não podemos é manter-nos num cerco onde um é o beneficiado somente...
nunca mal querermos, nem permiti-lo entre nós...
Gratidão prof. Cintia, pelo excelente texto publicado