Advogado investigado por fraude é indiciado por ter movido oito ações em nome de cliente dois meses após sua morte
- Mariana Santos - Jornalista - MTB 19788/RS
- há 7 horas
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O advogado Daniel Nardon foi indicado nesta quinta-feira (15) pela Polícia Civil por falsificação de documento particular, falsidade ideológica e uso de documento falso, após a conclusão do primeiro inquérito no âmbito da Operação Malus Doctor.
A ofensiva foi desencadeada há uma semana e investiga grupo de advogados suspeito de fraudar procurações judiciais para contratar empréstimos em nome de clientes e lesar instituições financeiras com processos fraudulentos.
De acordo com a polícia, Nardon moveu oito ações de revisão de contratos com bancos no nome de uma mesma pessoa em agosto do ano passado. O cliente, porém, havia falecido em junho do mesmo ano, dois meses antes.
Durante a investigação, Nardon foi intimado pela Justiça e disse que não tinha conhecimento da morte do cliente na época da assinatura da procuração.
O advogado já havia sido indiciado por práticas semelhantes em 2023. Na última quinta-feira (8), ele teve a sua licença de advogado suspensa de forma temporária pela seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio Grande do Sul. Ele está foragido.
Outros 44 inquéritos estão em andamento.
Foragido e proibido de sair do país
Daniel Nardon está proibido de sair do Brasil, desde a noite de sexta-feira (9). A polícia esperava que ele se apresentasse na 2ª Delegacia da Capital, o que não ocorreu.
Na ocasião, o advogado Ricardo Breier afirmou à reportagem que negociava com seu cliente o retorno a Porto Alegre. A última informação divulgada pela defesa é de que o advogado estava em São Paulo.
Como funcionava o esquema
A operação Malus Doctor mirou grupo de advogados suspeitos de fraudar ações judiciais e lesar clientes por meio da contratação de empréstimos bancários.
A polícia já identificou 55 vítimas, mas estima-se que cerca de 10 mil pessoas tenham sido lesadas. Os alvos eram, em sua maioria, servidores públicos e aposentados. A movimentação é calculada em R$ 50 milhões.
De acordo com a investigação, procurações judiciais eram fraudadas pelos suspeitos, que contratavam empréstimos em nome de clientes, sem que as vítimas soubessem. O escritório de advocacia captava clientes prometendo questionar, na Justiça, o juro de empréstimos.
Contudo, em vez de receber o valor de eventuais indenizações, os clientes recebiam o valor decorrente de um novo empréstimo, enquanto o escritório ficava com o dinheiro obtido no processo judicial.
Os suspeitos captavam clientes por meio de associações de defesa do consumidor, sendo uma delas coordenada pela irmã de Nardon.
Fonte: GZH
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