top of page

As janelas quebradas de São Leopoldo - Por Bado Jacoby

Em São Leopoldo, há muito tempo as janelas quebradas deixaram de ser metáforas. Elas estão nos buracos das ruas, nas praças mal cuidadas, nas filas da saúde e nos bairros onde a sensação é de abandono.


Essa sensação somado ao desalento com as enchentes poucos meses antes, decidiu a eleição municipal de 2024. Uma eleição desde sempre se decide pelo desalento e principalmente, pela esperança das melhorias no dia a dia do cidadão comum e que precisa com intensidade de ações de governos. Esse cidadão comum(médio) muda de humor e muda resultado de eleição. O bom político não pode brincar com esse sentimento.


A teoria das janelas quebradas, formulada pelos cientistas James Q. Wilson e George Kelling em 1982, explica bem esse sentimento: "quando o cidadão enxerga desordem, ele sente abandono. E o abandono é contagioso".


Nos anos 1990, Nova York viveu um exemplo clássico. O prefeito Rudolph Giuliani começou sua revolução não por grandes obras, mas por pequenos gestos: limpou pichações, recolheu lixo, consertou janelas, iluminou ruas. O resultado foi imediato e a criminalidade despencou e a população voltou a acreditar que a cidade tinha dono, que o poder público estava presente.


Em São Leopoldo, a sensação há muitas décadas é oposta. A cidade parece viver uma rotina de pequenas omissões que somadas, constroem uma imagem de descuido. Os governos falam em grandes projetos, mas o que o cidadão vê é o básico sendo negligenciado: ruas esburacadas, escolas com problemas estruturais, unidades de saúde sobrecarregadas e espaços públicos mal cuidados. São os pequenos detalhes, que não passam despercebidos.


E é justamente isso que vai corroendo a confiança na coisa pública. O eleitor não mede a gestão pelo número de obras anunciadas, mas pelo quanto se sente cuidado.


Toda administração municipal precisa compreender que a presença do poder público se prova nas pequenas respostas. O cidadão quer ver ação visível, a poda feita, o conserto realizado, a rua iluminada. E quer comunicação viva do escolhido. Quer ter a sensação de que o eleito está próximo e solidário buscando as alternativas de melhorias. Quer a prestação de contas, quer alguém que explique, que responda. O eleitor médio, pode parecer passivo, mas não é e nunca foi. O eleitor médio, decidiu a eleição de 2024 e vai ser o mesmo que vai decidir a eleição de 2028. O governante que administra tantos problemas, não pode ter medo de ser demagogo, ele precisa mesmo depois de eleito, abraçar e ajudar. Eleito, ele tem o poder de ajudar ou pelo menos amenizar os problemas. A coisa é simples, não tem mágica.


Em tempos de redes sociais e de vigilância constante, cada janela quebrada se torna terra fértil para desconfiança e sensação de abandono. E cada silêncio diante de um problema amplia a percepção de abandono.


O que destrói uma cidade não é o problema, mas sim a falta de resposta. E São Leopoldo, hoje, precisa urgentemente reaprender a responder. O eleitor não tem mais paciência.


A história recente de São Leopoldo, mostra que grandes obras, não são suficientes para manter ninguém no poder. Amassar barro, agora como nunca, não pode ficar só em tempos de campanha.


ree

Bado Jacoby, é apresentador e repórter da Start Comunicação

Comentários


1230x1020-START-Me-Leva-Pra-Casa
Técnico em Desenvolvimento de sistemas (1)
START-BANNER-1
Anúncio_1230px-X-1020px
WhatsApp Image 2025-04-10 at 18.55.37.jpeg
bottom of page