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Casos de Covid-19 aumentam em crianças e adolescentes


Casos de internações e óbitos estão em alta; por não estarem vacinadas, crianças dependem dos cuidados dos adultos para protegê-las. | Imagem: Getty Images.

Com a variante Delta em expansão, a flexibilização das medidas de isolamento e sendo o público ainda excluído da vacinação, as crianças brasileiras estão mais expostas à Covid-19 agora do que no que especialistas consideram ter sido o auge da pandemia, entre março e abril deste ano.


O número de internações de crianças e adolescentes por Covid-19 em 2021 já ultrapassa o total de 2020 no Brasil. As mortes pela doença entre crianças e adolescentes até setembro também já superam as do ano passado.


Médicos e pesquisadores consultados pela CNN alertam que cabe aos adultos proteger essa população mais vulnerável para evitar uma explosão de casos e internações.


E que, embora a volta às aulas possa ser uma preocupação, são os familiares quem mais transmitem o coronavírus às crianças, principalmente durante reuniões e festividades.


“Depois de feriados sempre aumenta o número de casos de crianças com Covid. O que contribui para isso é que os pais se contaminam e levam o vírus para dentro de casa”, diz o infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, vice-diretor técnico do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, maior hospital pediátrico do país.


Segundo o infectologista, apesar de as crianças terem voltado às aulas, o maior risco de contaminação está mesmo em seus lares, pelo fato de os parentes terem passado a circular mais após a vacinação.


Essa percepção é compartilhada pelo infectologista Francisco Júnior, gerente-médico do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo. Ele afirma que mais de 80% dos casos de Covid em crianças vêm de alguém do núcleo familiar. “Tem sido muito raro o diagnóstico de Covid em crianças que relatam ter tido o contágio na escola”, diz.


Mais vulneráveis


Há diferentes indícios estatísticos de que as crianças e os adolescentes estão sofrendo mais agora com a doença do que em outros momentos da pandemia.


Na semana passada, o Ministério da Saúde divulgou um levantamento que mostrou que, entre janeiro e julho de 2021, 15.483 crianças de 0 a 9 anos foram internadas por Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2020, de abril a dezembro, foram 10.352 internações na mesma faixa etária.


Um outro recorte, feito pela agência CNN com base nos boletins epidemiológicos do próprio ministério, mostrou que o número de internações por Covid de crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos no Brasil em 2021 foi de 17.299 – um aumento de 18,2% em relação às 14.638 internações de 2020.


É sempre importante lembrar que o número ainda é relativamente pequeno quando se compara com adultos. Para pessoas acima dos 20 anos, já foram mais de 1 milhão de internações neste ano, contra 579.949 internações em 2020.

Por fim, um outro dado que aponta para o aumento no número de internações de crianças e adolescentes por Covid é o que monitora os casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).


Uma das principais causas de internação por Covid é quando a infecção evolui para SRAG, caracterizada pela presença de desconforto respiratório e oxigenação baixa, que leva à necessidade de suporte de oxigênio.


Atualmente, cerca de 96% dos casos de SRAG são associados à Covid. Os demais têm relação com outros vírus respiratórios que voltaram a circular com força em algumas regiões do país, após a diminuição do isolamento social.


Dados do último Boletim Sivep-Gripe, da Fundação Oswaldo Cruz, divulgado na semana passada, mostram que as internações por SRAG associadas à Covid chegaram ao mais baixo patamar da pandemia no país.


Mas o mesmo boletim observou que entre crianças e adolescentes (de 0 a 9 anos e 10 a 19 anos) há uma estabilização dos casos “em patamar significativamente elevado quando comparados com o histórico da pandemia”, diz o relatório.


Em outras palavras, os casos entre crianças e adolescentes não sobem, mas também não caem como nas outras faixas etárias, o que pode indicar um reflexo da falta de proteção ao vírus visto nas outras faixas etárias vacinadas, segundo Marcelo Gomes, pesquisador em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenador do Sivep-Gripe.


“Desde o final do ano passado, quando começamos a ter um relaxamento do comportamento, a nos expor muito mais, antes da volta das aulas presenciais, já víamos um aumento de casos em crianças. Com o retorno das aulas, vemos um aumento também nas internações”, alerta Gomes.


O pesquisador da Fiocruz aponta que os Estados Unidos já haviam dado uma amostra do que uma flexibilização em escala pode causar. “Os EUA mostraram ao mundo que as flexibilizações, associadas à recusa de adultos em tomar a vacina ou usar máscaras, expõem deliberadamente as crianças ao risco”.


Os EUA vivem uma explosão de casos e de internações de crianças por Covid, que aumentaram 240% desde julho.


Segundo Gomes, no entanto, o Brasil vive uma realidade distinta da americana, em que a variante Delta não teve consequências tão dramáticas. Mas o fenômeno pode se repetir aqui se as crianças não forem protegidas. E o número de internações de crianças por SRAG mostra isso.


De acordo com dados do Sivep-Gripe, em 2021, o país já apresentou picos nas médias de internação por Covid de jovens de zero a 18 anos maiores do que os picos de 2020.

“Tivemos uma proteção muito boa das crianças em 2020, e hoje a gente vê esse cenário distinto”, disse Gomes.


F0nte: CNN Brasil


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