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Editorial: o perigoso tribunal das redes sociais

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Vivemos tempos em que a velocidade da informação ultrapassou a capacidade humana de reflexão. O que antes passava por filtros jornalísticos, hoje é lançado nas redes sociais com uma facilidade assustadora — e, muitas vezes, com consequências irreversíveis. Tragédias, casos de violência e escândalos pessoais viraram combustível para curtidas, compartilhamentos e comentários apressados. E a dor alheia se transformou, lamentavelmente, em um espetáculo cotidiano.


O recente caso ocorrido em São Leopoldo, envolvendo uma acusação de assédio em uma escola municipal e que terminou de forma trágica, é o retrato mais cruel dessa realidade. O que se viu foi uma avalanche de publicações, comentários e juízos apressados, antes mesmo que qualquer apuração concreta fosse feita. O resultado? Uma tragédia humana dupla de quem supostamente sofreu e de quem, sem tempo para se defender, foi condenado pelo tribunal da opinião pública.


Não se trata aqui de defender culpados ou inocentes, nem de negar a importância de denunciar e investigar casos graves. O problema está na forma como esses assuntos vêm sendo tratados, sem responsabilidade, sem prudência e, sobretudo, sem humanidade. A imprensa tem deveres éticos; mas nas redes sociais, onde qualquer pessoa se torna “repórter” em segundos, esse limite parece ter se perdido. E quando a pressa substitui o cuidado, a informação vira arma.


A reflexão é urgente. Cada palavra publicada pode carregar o peso de uma sentença. A sociedade precisa reencontrar o equilíbrio entre o direito de informar e o dever de preservar vidas. O jornalismo responsável continua sendo essencial, justamente porque investiga antes de publicar, ouve todos os lados e compreende o impacto do que divulga.


O caso de São Leopoldo é um alerta. Atrás de cada manchete e de cada postagem, há pessoas, famílias, histórias. E nenhuma curtida, nenhum engajamento, pode justificar o preço de uma vida destruída. O silêncio, às vezes, é mais ético do que a pressa.


É hora de resgatar a responsabilidade da imprensa, das instituições e de cada cidadão com um celular na mão. Porque a justiça, diferentemente das redes, não se faz com impulsos, mas com verdade, tempo e humanidade.


As redes sociais e o jornalismo, precisam fazer uma reflexão de até onde vale pena, ter audiências e curtidas, porque as amostras, são preocupantes e parece, que o vale-tudo da confraria do ralo, está se tornando o manual de comportamento social e de muitas redações.




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