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Esquina das Flores: a história da tradicional banca de flores que atua há mais de 50 anos na Rua da Independência

Fabiane Matias atual funcionária da floricultura na Independência - Foto: Mariana Santos
Fabiane Matias atual funcionária da floricultura na Independência - Foto: Mariana Santos

No centro de São Leopoldo, um pedacinho de memória e afeto ainda floresce a cada nova estação. Ali, na tradicional "esquina das flores", duas bancas resistem ao tempo, à modernização e às dificuldades do comércio. Mais do que simples pontos de venda, esses espaços contam histórias de gerações e transformações de vida. A banca localizada na esquina da Rua Independência com a Presidente Roosevelt é muito mais que um comércio: é símbolo, tradição e ponto de encontro. A banca teve como um dos fundadores o senhor Francelino Nunes Veira (pai), Natalício Nunes Veira (filho) e Lauri Nunes Vieira (filho). 


A floricultura em frente a antiga Casa Mena
A floricultura em frente a antiga Casa Mena

Segundo a atual proprietária da Floricultura Girassol, Viviane Nunes, filha de Natalício, o espaço existe há mais de 50 anos, atravessando gerações de floristas e clientes fiéis. “Ela é um cartão-postal. É comum ouvir: ‘Te encontro na banca das flores’”, comenta. Hoje, a banca também possui uma loja física, a Floricultura Girassol, localizada próxima ao Santuário do Padre Réus. As flores chegam frescas todas as manhãs e retornam à loja à noite, onde são avaliadas e preparadas para o dia seguinte.


Viviane conta que na época de seu avô a produção de flores era totalmente familiar. A família possuía um sítio onde cultivava as flores que eram comercializadas diretamente no local. Esse modelo de cultivo seguiu por gerações, envolvendo também o pai e a mãe, que participavam ativamente da produção e da venda. Com o passar do tempo, no entanto, o cenário mudou: atualmente, a família já não cultiva mais as flores, passando a atuar principalmente como revendedora. Hoje, grande parte dos produtos é comprada de produtores locais do Sul e também de fornecedores de São Paulo, refletindo uma mudança no modelo de negócios, mas sempre com o mesmo carinho e cuidado com as plantas. 


A tradição familiar se entrelaça com a vida de Fabiane Matias de forma especial, uma das funcionárias da banca. “Quando comecei aqui, tomava seis tipos de antidepressivo por dia. Hoje, não tomo nenhum. As flores me salvaram”, conta, emocionada. Para ela, a banca se tornou mais do que trabalho: virou terapia, liberdade e convivência. “Eu adoro conversar. E aqui, a gente sempre encontra alguém com uma história.”


A história de Fabiane com a banca começou antes mesmo de ela vestir o avental. “Minha mãe trabalhou aqui por 20 anos, com a mãe da Viviane”, relembra. 


A rotina é intensa das 9h às 18h15, de terça a sexta, e até as 17h30 aos sábados, mas é regada por afeto e amizade. “Às vezes os clientes vêm só para conversar. Já fiz muitas amizades. Tem sempre alguém querendo levar uma florzinha para casa ou para alguém especial.”, finaliza Fabiane. 


Apesar do cenário encantador, a floricultura enfrenta desafios diários. Viviane destaca as dificuldades impostas pela pandemia, pelas condições climáticas e, mais recentemente, pelas enchentes e pelas obras de revitalização da rua, que forçaram o deslocamento temporário da banca. “Ficamos nove meses na rua ao lado. As vendas caíram muito, mas os clientes sempre voltam. Essa esquina é conhecida como a ‘esquina das flores’.”


As flores, por sua natureza perecível, também exigem atenção redobrada. “O calor forte no verão é um dos nossos maiores inimigos”, afirma Viviane. Ainda assim, a floricultura mantém o fôlego com adaptações do mundo mais moderno: investe em tele-entregas, atendimento via WhatsApp e vendas online, tendência que se fortaleceu nos últimos anos em meio a facilidade das compras online que temos hoje em dia.


Rosa: a flor das flores

Quando o assunto é preferência do público, não há dúvidas: “A rosa é a mãe de todas. É a flor das flores”, afirma Fabiane. Elas lideram as vendas, especialmente em datas como o Dia dos Namorados, Dia das Mães, Dia da Mulher e Finados. “Este ano, o Dia da Mulher e o Dia dos Namorados superaram até o Dia das Mães. Foi surpreendente.”


Mesmo com as mudanças, uma certeza permanece: as flores seguem ocupando um lugar especial no coração das pessoas e São Leopoldo continua se encontrando na esquina mais colorida da cidade.


Por Mariana Santos - Jornalista MTB 19788/RS

Leia essa e outras notícias na edição de Junho do Jornal Start: https://www.startcomunicacaosl.com.br/jornal


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