Evento “Te Apoia” busca dar visibilidade ao autismo além do mês de abril
- Karem Rodrigues
- há 6 horas
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Sabrina Braga foi a convidada desta semana do programa Start News, onde falou sobre o evento “Te Apoia” e expôs desafios enfrentados por famílias atípicas. Idealizadora da iniciativa, ela destacou que o encontro, marcado para o próximo domingo, 25 de maio, em São Leopoldo, busca ampliar o debate sobre o autismo e oferecer acolhimento não apenas à pessoa diagnosticada, mas a todos que fazem parte de seu núcleo familiar. “O autismo não acontece só em abril. A acessibilidade precisa ser para tudo e para todos, em todos os meses do ano”, explica Sabrina.
O evento acontece no ginásio Celso Morbach e contará com oficinas, atendimentos e momentos de acolhimento para toda a família. A iniciativa surgiu de uma demanda real vivida por Sabrina e tantas outras mães, a invisibilidade das famílias que convivem com o transtorno do espectro autista. “Hoje, o atendimento é focado apenas na criança. Mas quem cuida dela? Quem cuida da mãe, do pai, dos irmãos? Essas famílias também precisam ser atendidas”, afirma.

A estrutura do evento foi construída majoritariamente com trabalho voluntário e doações. “Não temos patrocínio formal. Estamos fazendo com o que temos: apoio de amigos, voluntários, vereadores que ajudaram com materiais. É no carão, como a gente diz”, relata.
Sabrina chama atenção para o fato de que cerca de 80% das famílias com filhos autistas são chefiadas por mães solo. “Tem pai que abandona. E tem mãe que não aguenta o luto, essa dor da expectativa quebrada. É o luto por um filho que não corresponde à projeção que foi feita. E a sociedade ainda cobra, julga, aponta.”
Além do evento, o projeto lança oficialmente a Sala Rafa, espaço permanente de acolhimento às famílias. “Já estamos atendendo com psicóloga, com apoio jurídico, com tudo que conseguimos reunir até aqui, mesmo que ainda não tenhamos todos os profissionais ideais. Mas temos vontade e compromisso”, diz.
Sabrina também criticou o despreparo da rede de saúde pública e das escolas. “Há uma fila imensa para conseguir diagnóstico pelo SUS. E nas escolas, muitas vezes o apoio vem de estagiárias do ensino médio. Crianças cuidando de crianças. Não há estrutura, não há formação, e muitas vezes nem empatia.”
Ela reforça que o autismo não tem cara, nem nível leve. “Dizer que é leve só porque a criança fala ou anda é ignorar as lutas diárias. O espectro é amplo, e o apoio precisa ser integral. Não basta estar na escola, tem que pertencer a ela.”
O evento Te Apoia acontece das 14h às 18h, com entrada gratuita. Para Sabrina, mais do que um encontro, trata-se de um ato de resistência e conscientização. “A gente não quer caridade. A gente quer respeito.”
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