O Hospital Tramandaí suspendeu, desde às 8h desta segunda-feira (1º), as atividades do seu Centro Obstétrico e o Serviço de Obstetrícia. A informação foi confirmada pelo hospital e pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), responsável pela administração da instituição. Um comunicado divulgado neste sábado (30) anunciou a decisão, alegando escassez de recursos. Não há previsão de retorno do atendimento no setor.
“Peço que desde já não sejam mais encaminhadas pacientes gestantes ao hospital até que sejam tratadas e resolvidas estas questões e solicitamos auxílio dos gestores estaduais para a pronta transferência das gestantes que ainda encontram-se internadas neste nosocômio”, diz a nota assinada pelo diretor técnico do hospital no Litoral Norte, Diego Caldieraro.
Segundo o diretor, havia cerca de 10 gestantes sendo atendidas pelo serviço até sábado. Outros hospitais da região que contam com serviços de obstetrícia já se colocaram à disposição para atender as pacientes e suprir a demanda por assistência, incluindo o Hospital São Vicente de Paulo, em Osório, e o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres.
A unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal da instituição de Tramandaí seguirá funcionando normalmente. O hospital é referência para cerca de 75 mil pessoas no Litoral Norte, abrangendo habitantes de Tramandaí, Imbé, Cidreira e Balneário Pinhal.
"Somos um hospital 100% SUS, totalmente orçamentado por recursos públicos, e temos
uma crescente de valores que têm aumentado. Tudo aumenta, os instrumentos médicos aumentam, os valores de horas dos profissionais, e o orçamento segue sempre o mesmo. Cada vez mais está se tornando um malabarismo financeiro para conseguir manter serviços com qualidade", afirma Diego.
Também nessa segunda, será realizada uma reunião para tentar resolver a situação e garantir a continuidade dos serviços de obstetrícia. A equipe do Hospital Tramandaí se reunirá com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e com profissionais do setor.
Impasse
Os médicos que deixam o centro obstétrico eram contratados pela FHGV por meio de empresa terceirizada. Contudo, acabou neste final de semana o prazo do contrato com a responsável pelos serviços. De acordo com o diretor do hospital, já existe outra empresa pronta para assumir, mas os profissionais estão reivindicando melhores condições de trabalho e não querem manter o atendimento. Assim, faltam médicos para suprir a carência.
Na semana passada, após assembleia-geral extraordinária, o sindicato havia anunciado a realização de uma paralisação das atividades dos médicos do hospital nesta segunda, por conta da escassez de recursos e condições precárias de trabalho. Segundo o presidente do Simers, Marcos Rovinski, não há paralisação, uma vez que os profissionais não têm a obrigação de estarem no hospital com o fim do contrato.
"Os médicos seguirão atuando até amanhã de manhã, até o final do plantão, mesmo sem ter a certeza de que vão receber. Mas eles não querem seguir no hospital, por conta do tratamento recebido e da dificuldade de obter insumos, há problemas sérios de falta de equipamentos adequados no hospital. Eles se sentem inseguros em trabalhar lá e decidiram denunciar", explica Rovinski.
A instituição vem enfrentando dificuldades há meses, com falta de recursos e estrutura para garantir a manutenção das operações. Na última sexta-feira (29), a Justiça concedeu liminar determinando que o Estado e o município de Tramandaí enviem recursos suficientes que garantam o funcionamento do atendimento da emergência e da maternidade do Hospital Tramandaí. A ação atende a pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS).
Segundo o diretor do hospital, até o momento, a situação está sem solução. "Chegamos numa encruzilhada, não temos o que fazer. Mas a gente espera que isso seja resolvido a partir de segunda-feira. Esperamos sair todos vitoriosos dessa convenção. Todos queremos a mesma coisa, que é manter a assistência e fazer o melhor pela população usuária do SUS" diz Morales.
Fonte: GZH
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