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Judeus no interior do nordeste nos tempos do Brasil colônia

Os judeus de origem sefardita, geralmente cristãos novos em Portugal que se refugiaram nos Países Baixos e posteriormente no Brasil Holandês, após a reconquista das capitanias de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará pelas forças luso-brasileiras, tentaram fugir das garras sedentas da inquisição que acompanhava a reconquista. Era necessário fugir. Alguns optaram por retornarem aos Países Baixos. Outros partiram em direção a pequena ilha que viria a ser Nova York um dia. O que chama mais a atenção, por sua vez, é o refúgio que muitos encontraram no sertão nordestino. Segundo NETO, Lira eles foram arrancados da terra. Perseguidos pela Inquisição na Península Ibérica, refugiaram-se na Holanda, ocuparam o Brasil e fizeram Nova York. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.


“Após a reconquista portuguesa do Recife, muitos judeus e cristãos-novos convertidos ao judaísmo no Nordeste brasileiro não puderam ou não quiseram partir do país. Embrenharam-se sertões adentro. Retornaram ao catolicismo ou desenvolveram alguma espécie de cripto judaísmo, longe do litoral e dos olhos dos espiões do Santo Ofício. Fato que não impediu, nos nos seguintes, que alguns deles fossem apanhados e enviados a Lisboa, como atestam os processo nos arquivos da Torre do Tombo, em Portugal.


Há indícios de costumes judaicos diluídos na cultura popular nordestina, a exemplo de rituais fúnebres de lavagem de defuntos, sepultamentos em terra limpa (em simples mortalhas, em vez de caixões), pedras postas sobre o túmulo, águas derramadas do pote de barro no caso de falecimento de algum morador. Há quem identifique ainda resquícios judaicos mesmo na prática sertaneja de não varrer o lixo da casa em direção às portas da rua. Seria um vestígio da obrigação de não profanar o mezuzá, o rolo de pergaminho com versículos bíblicos afixados no umbral da entrada do lar judeu. Especula-se até mesmo que o modo rural de abater galinhas - degolando-as ainda vivas, com um único golpe, deixando o sangue escorrer para depois ser enterrar no chão - guarda alguma relação com os princípios da Kashrut, as leis alimentares prescritas pela Torá. Dissolvidos no imaginário coletivo, tais hábitos perderam a função original, embora continuem a ser praticados em nome de uma tradição da qual não se conhece os sentidos de origem” (P.304-5)


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Obra: Ruínas da Sé de Olinda - Frans Post (1665)


Fonte: www.facebook.com/groups/139708840082450/

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