No contraturno. Ampliar a permanência nas instituições de ensino ou em espaços descentralizados faz parte dos movimentos do Mais Educa São Leo, programa da Prefeitura de São Leopoldo que oferece atividades nas áreas de tecnologia, esporte, artes e cultura a estudantes do 1º ao 9º ano e EJA da rede municipal. Esse projeto, que iniciou em 2019, com 11 escolas municipais e que hoje já chega a 70% das escolas, será ampliado.
A ação passa atender a partir deste ano mais de 6 mil crianças e adolescentes, estudantes da rede pública. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) realizou na última semana uma reunião com os novos monitores articuladores do programa. O encontro ocorreu na sala de reuniões do Sebrae São Leopoldo.
A assessora de Assuntos Intersetoriais da Smed, Renata de Mattos, ressalta que a criação do Mais Educa passa por uma visão de mundo que envolve a educação. "A atividade de contraturno faz parte da meta 6 do Plano Municipal de Educação. Prioriza estudantes em situação e área de maior vulnerabilidade para que o tempo de permanência na escola possa qualificar o conhecimento. Está sendo estendido a cada ano sempre para escola com maior percentual de estudantes beneficiários de programas sociais."
Jornada escolar
A ideia, conforme Renata, é até 2025 contemplar 45% dos estudantes (do público prioritário) da rede. "Hoje 70% das escolas atendem em tempo integral alunos no contraturno. Mais de 40% atendidos em contraturno. Estamos muito próximo da meta." O professor Ederson dos Santos, da coordenação de projetos da Smed, reforça que as ações do contraturno vão além da ampliação da jornada escolar dos estudantes em situação de vulnerabilidade social.
Há todo um trabalho da rede, através de oficinas nas escolas, acompanhamento pedagógico com bolsistas da Unisinos, projetos descentralizados e tendas comunitárias. "Nós temos as aulas regulares, para os conteúdos obrigatórios como Português, Matemática, Educação Física e História; e tem as atividades que são fora do horário de aula regular. Temos gama imensa de projetos aplicados nas 50 escolas do Município, e neste ano tem uma nova proposta que são as tendas comunitárias que ocorrerão nas Ocupações Justo, Steigleder e Renascer."
Formação integral
O Mais Educa está inserido em uma preocupação com a formação integral dos estudantes. "O atendimento no contraturno é uma política pública que foi construída em 2014. Foi referendada pela sociedade na época. O que acontece é que o Plano Nacional de Educação (PNE) previa recursos até 2024 para que isso acontecesse, mas foi frustrada a possibilidade desses recursos por conta do congelamento (por 20 anos) da Educação com a Emenda 95 (Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos) desde 2017. Mas mantivemos, enquanto governo municipal, o custeio para essa política pública. Uma luta pela educação pública de qualidade", enfatiza Renata.
"Ao longo dos anos estamos ampliando esse investimento de atendimento para ofertar educação de qualidade no contraturno, garantindo que os estudantes tenham mais tempo na escola e com isso possam construir de forma mais consolidada aprendizagens. E que os alunos possam ter acesso a atividades que desenvolvem várias habilidades em áreas do conhecimento, da cultura, da arte, do esporte e do lazer. Tudo com a compreensão que cada aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento do ser humano", completa Renata.
Atendimento aos alunos
O programa municipal é um enfrentamento à extinção de ações nacionais de Educação de atendimento em contraturno escolar do Brasil. "O Programa Mais Educa São Leo é uma política pública municipal, com recursos próprios do Município, inspirado no extinto Mais Educação, para ser uma política pública leopoldense, na perspectiva da educação em tempo integral, ampliando a jornada de atendimento das crianças e adolescentes", complementa o coordenador de projetos da Smed. Em 2019 o investimento no projeto foi de R$ 158.400,00. Em 2020, o valor ficou em R$ 457.920,00. Em 2021, R$ 413.880,00. E, agora, em 2022, está em R$ 1.392.120,00.
Pandemia e mobilização no Município
"A educação passa por perdas na pandemia. O Mais Educa não pôde ser executado em um período, mas encontramos formas de nos aproximar dos estudantes, por meio de diálogos com a rede. Para enfrentar a falta de uma política nacional de educação na pandemia, tentamos diminuir, pelos menos localmente, o impacto com algumas ações, como a distribuição dos kits de alimentação nas escolas. E ainda 2021 começamos com o Mais Educa via acompanhamento pedagógico por meio do Programa de Repactuação das Aprendizagens com bolsistas das Unisinos", lembra Renata. Para 2022, além de ampliar o acesso, está sendo feito um "investimento de aquisição de material pedagógico, qualificação das oficinas, contratação de oficineiros e ampliação do acompanhamento pedagógico, além de melhorias nos espaços das escolas."
Escolas, tendas nas ocupações e ações pedagógicas
Entre as escolas com oficinas Mais Educa estão Arthur Ostermann, Hohendorff, Dilza Flores, Mário Fonseca, Álvaro Nunes, Zaira Hauschild, João Goulart, Maria Edila, Chico Xavier, Salgado Filho, Barão do Rio Branco, Rui Barbosa, Castro Alves, Paulo Beck, Germano Sperb, Clodomir Vianna Moog, Padre Orestes, Edgard Coelho, Osvaldo Aranha e Santa Marta. Na mobilização também as Tendas Comunitárias, como reforço escolar oferecido em espaços das ocupações quatro dias por semana e cinco horas por dia. No cronograma ainda está o acompanhamento pedagógico realizado por bolsistas da Unisinos. No final de fevereiro ocorreu uma reunião de apresentação dos universitários que irão participar do projeto Mais Educa como professores de reforço em 22 escolas municipais, integrantes do projeto. O encontro foi no Salão Nobre da Smed. Os bolsistas dos cursos de Pedagogia atenderão os estudantes de 3.° ano do fundamental e os bolsistas de Matemática e Letras do 6.° a 9.° ano.
Rio e música
Há ainda os projetos descentralizados, a partir de parcerias com a Unisinos e com Secretaria de Esporte e Lazer, que englobam iniciativas como o Canoagem na Escola, atividades na Escola de Artes Pequeno Príncipe e aulas no Tênis Clube. Também aulas no Vida Com Arte, com ênfase na inclusão através da música, proporcionando acesso à música para crianças e adolescentes, envolvendo orquestra de cordas, um grupo de percussão e um grupo de musicalização; e mobilização do tradicional Programa Esporte Integral (PEI) Unisinos.
Fonte: VS
