Melissa Goulart e Carolina Nogueira falam das iniciativas de educação ambiental em São Leopoldo
- Start Comunicação

- 4 de jun.
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Na semana em que se celebra o Dia da Educação Ambiental (3 de junho) e o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), o programa Start News recebeu duas convidadas diretamente envolvidas na promoção da conscientização ambiental em São Leopoldo: Melissa Goulart, coordenadora da Educação Ambiental do SEMAE (Serviço Municipal de Água e Esgotos), e Carolina Nogueira, fotógrafa, e integrante do projeto Guardiões da Água, ambos de São Leopoldo. Durante a entrevista, as duas profissionais compartilharam suas experiências no trabalho de sensibilização ecológica, especialmente junto às escolas e à comunidade de São Leopoldo, destacando os avanços e os obstáculos enfrentados diariamente.
Melissa Goulart revelou que sua entrada no tema aconteceu por acaso, mas a paixão cresceu rápido. “Quando entrei no SEMAE, fui provocada a trabalhar com educação ambiental. Busquei formação específica para ter propriedade de fala”, explicou. Desde então, nosso trabalho já alcançou mais de mil pessoas, de crianças a idosos, levando informações sobre preservação, uso consciente da água e reciclagem. Visitas técnicas a estruturas de saneamento como a ETA 2 (Estação de Tratamento de Água) e a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) com as escolas de São Leopoldo também faz parte da rotina de trabalho. A experiência inclui visitas guiadas com alunos para mostrar como a água é captada, tratada e devolvida à natureza. “Eles se surpreendem ao ver o caminho da água até chegar à torneira de casa”, comentou Melissa.
O Projeto Guardiões da Água é um trabalho de educação socioambiental realizado através de oficinas de comunicação comunitária, música, muralismo, educação socioambiental e ludicidade e educação ambiental comunitária. Carolina Nogueira, que também atua no projeto, usa a fotografia como meio de engajamento. “Sempre gostei da natureza e, com o tempo, percebi que poderia mostrar a beleza mesmo nos lugares menos esperados”, contou. De sua lente, surgiram registros de aves e outros animais que vivem nesses espaços. “Queremos mostrar que ali também há vida. Que o esgoto tratado devolve água limpa ao rio e que essa água voltará para o nosso consumo.”, explica.
Apesar dos esforços, ambas reconhecem que a maior dificuldade está na mudança de hábitos da população adulta. “É mais difícil ensinar os adultos. As crianças absorvem e replicam com mais facilidade”, diz Melissa. “A gente trabalha com todos, dos 8 aos 80 anos. Muitos idosos se encantam com a possibilidade de aprender algo novo, mesmo depois de aposentados. Eles cuidam da horta, participam das oficinas e se sentem parte de algo maior.”, diz.
As convidadas também apontam a resistência cultural como um dos grandes desafios: “Tem gente que ainda joga lixo no rio, como se fosse um valão sem fim”. A dupla lamenta que mesmo após eventos extremos, como as recentes enchentes de 2024, ainda se observe descarte irregular de lixo em áreas vulneráveis. Carolina lembra que, em bairros de baixa renda, além da falta de informação, falta estrutura básica. “Essa realidade é muito mais complexa do que parece”, afirma.
O trabalho de educação ambiental promovido pelo SEMAE também inclui oficinas de compostagem e palestras em escolas. “Mostramos para as crianças como restos orgânicos, como cascas de frutas, podem virar adubo e não lixo”, explica Melissa. Segundo ela, a chave está na construção de uma consciência coletiva que precisa ser estimulada desde cedo nas escolas, nas casas e até nos condomínios, onde o descarte incorreto de lixo ainda é um problema comum.
Para Carolina, a valorização dos recicladores é outro ponto fundamental. “Uma latinha de alumínio é ouro para quem vive da reciclagem”, diz. As duas convidadas reforçaram que, embora a responsabilidade pública seja fundamental, é necessário que cada cidadão se comprometa. “Não podemos culpar só o governo. A garrafa PET não cai do céu, ela é descartada irregularmente”, resume Melissa. Elas acreditam que a nova geração tem mais chances de fazer diferente, desde que receba o estímulo certo. E a base desse estímulo está na educação, na arte, na empatia e no exemplo, conclui.
Um dos destaques também da conversa durante o programa foi a exposição fotográfica sobre aves, assinada por Carolina Nogueira, em cartaz no saguão da Prefeitura Municipal. A mostra revela o olhar sensível da fotógrafa para a fauna local. “Fotografar não é só apertar um botão. É capturar uma essência. Cada imagem carrega uma história e um sentimento”, diz ela, que começou a se apaixonar por fotografia durante viagens com o marido, também fotógrafo. A exposição traz imagens de espécies captadas no SEMAE. “Lá eu aprendi a diferenciar as aves filhote de um adulto, entendi a importância daquele espaço como habitat e celeiro de reprodução. É uma conexão muito íntima com a natureza.”, revela Carolina.
Da Redação www.startcomunicacaosl.com.br - Mariana Santos - Jornalista MTB 19788
Assista a entrevista completa:































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