Médico que denunciou Prevent é alvo de ameaças e pede inclusão em Programa de Proteção
- Start Comunicação
- 10 de nov. de 2021
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O senador Randolfe Rodrigues (Rede) afirmou nesta quarta-feira (10) que um dos médicos que fizeram denúncias contra a Prevent Senior durante a pandemia da Covid-19 tem sofrido ameaças e pediu a inclusão de seu nome e de sua família no Programa de Proteção à Testemunha.
“O médico Walter Correa está sendo ameaçado. Ele está no Programa de Proteção à Testemunha. Ele e a esposa dele ameaçados", disse Randolfe durante entrevista coletiva concedida em São Paulo com os promotores que fazem parte da força-tarefa do Ministério Público do estado de São Paulo que investiga a operadora de saúde.
De acordo com o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubo, haverá uma investigação específica sobre as ameaças ao médico. Ele afirmou que essa é uma das informações "estarrecedoras" trazidas pelos senadores na reunião desta terça.
A advogada Bruna Morato, que representa médicos e os ajudou a elaborar um dossiê com as denúncias de irregularidades cometidas pela operadora de plano de saúde durante a pandemia, confirmou que foi feito um pedido ao Ministério Público Federal para a inclusão de Corrêa e da família dele no Programa de Proteção à Testemunha, mas que ainda não houve uma resposta a respeito disso.
O médico Walter Correa chegou a registrar boletim de ocorrência depois que recebeu uma ligação do diretor-executivo da empresa, Pedro Batista Júnior.
A ligação foi em abril deste ano, depois que Correa foi ouvido, sem se identificar, para uma reportagem com denúncias contra a Prevent. “A minha esposa estava do lado e ficou apavorada com aquilo. Queria até ir embora da cidade. Ficou assustada, temendo pela minha filha, a gente ficou apavorado com aquilo”, afirmou.
Randolfe, vice-presidente da CPI da Covid no Senado, além dos também senadores Omar Aziz (PSD), presidente da comissão, e Renan Calheiros (MDB), relator da CPI, entregaram, nesta quarta, o relatório da comissão a juristas e promotores da força-tarefa do MP. O material será usado na investigação sobre a Prevent.
Rotina de medo após denúncias
Correa é um dos três médicos que trabalhavam na operadora que ajudaram na construção do dossiê investigado pela CPI da Covid e mostraram o rosto pela primeira vez, em entrevista ao Fantástico em outubro. Eles narraram pressão da operadora de saúde para a alta precoce de pacientes, a fim de diminuir custos e liberar leitos de UTI nos hospitais da empresa.
Correa, George Joppert e Andressa Joppert dizem que vivem atualmente uma rotina de medo, apreensão e insegurança, após as denúncias contra a operadora se tornarem públicas.
Na entrevista, reafirmam a pressão para prescrição de ‘kit Covid’ nos hospitais da empresa e confirmam a meta para que os médicos atendessem 60 pacientes por cada plantão de 12 horas nos hospitais.
“A intenção de denunciar também é expor a fraude. Expor a fraude do tratamento precoce, a fraude de suposto sucesso de gestão”, disse Walter Correa ao Fantástico.
“Nós estamos fazendo a coisa certa. Nós não somos criminosos. O bem social acho que tem que prevalecer acima de qualquer outra definição, ou de dinheiro ou de lucro”, afirmou George Joppert.
“São vidas que eles estão cuidando, e não estão cuidando como deveriam cuidar”, declarou Andressa Joppert. Os três fazem parte do grupo de 12 médicos que escreveram o dossiê contra a operadora e devem ser ouvidos pela CPI da Covid nos próximos dias.
Na entrevista, George e Andressa Joppert também negam ter manipulado estudo polêmico da Prevent Senior sobre o ‘kit Covid’.
Fonte: g1
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