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Narrando os 200 anos da Imigração: 7º Capítulo - A chegada dos soldados Brummer e seu legado

Brummer eram chamados os soldados alemães contratados na Prússia para combater na Guerra contra a Argentina do ditador Rosas, que estava há 10 anos no poder e pretendia incorporar o Uruguai, Paraguai e o Rio Grande do Sul no seu país. Os Brummer eram chamados assim por serem ordenados com moedas de cobre gigantescas de 40 réis que, batendo elas sobre a mesa, soltavam um zumbido que em alemão se chama: “Brumen”. A Alemanha unificada naquele tempo não existia. Na Prússia havia tumultos pois a Dinamarca pretendia apoderar-se de Schleswig-Holstein, e norte da Prússia. Os estudantes entusiasmados como sempre, formaram uma liga em defesa da pátria e marcharam contra a Dinamarca sem licença do rei, que os puniu e ameaçou de cadeia. Por isto muitos refugiaram-se no porto de Hamburgo, onde o enviado do Brasil, Rege Barros recrutava soldados para a luta contra Rosas. Para estes estudantes a ida para o Brasil significava uma válvula de escape, e logo se contrataram. Depois o próprio rei da Prússia entrou na luta, e finda a guerra, muitos oficiais e soldados sem serviço, seguiram o mesmo caminho. Alistaram-se ao todo 1740 homens, que seguiram com os navios: Danzig, Hamburg, Gedefrey, Colonist e Heinrich. Era gente letrada de boa família, que depois de finda a guerra permaneceram no Brasil, servindo como fermento nas colônias totalmente abandonadas de cultura! Muitos contrataram-se como professores, fundaram sociedades e jornais.


Para a maioria dos combatentes Brummer a luta na qual a maioria entrou por falta de armas, era um inferno, no qual muitos sucumbiram por doenças, fome, fadigas, e por isto, surgiram muitas deserções e suicídios. Comprovante é um diário, e uma cruz solitária a beira da estrada perto de Pelotas, com a inscrição: Orate por nobis, 1852 – 1902. Foram dois soldados desertores que se refugiaram naquele mato, e perseguidos, sem armas, defenderam-se simplesmente com pedradas, 3 foram recapturados e 2 mortos. A cruz que depois de 50 anos apodrecera, foi substituída em 1902 pelo diretor do distrito, Manoel Celestino Gomes, por uma madeira de cangerana. Pelo sincretismo do povo, a cruz era considerada milagrosa, e despachos, ofertas e velas, principalmente flores, enfeitavam a sepultura perto da colônia Zacharias e a serra da Vigia.


A importância desta legião de combatentes estrangeiros apelidada de “Brummer” não consistiu na luta para a qual foram contratados e na qual só 80 homens tomaram parte, mas na cultura que trouxeram para o sul do Brasil. Fixando-se no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, misturaram-se com o povo, formando uma nova raça de cultura e progresso. O tenente von Kahlden reuniu ex-combatentes, formou uma escola em serviços brasileiros e realizou a construção de pontes na campanha. Mais tarde tornou-se diretor na colonização de Santo Ângelo e São Lourenço. Ter Brüggen foi nomeado cônsul alemão. Held e Jansen tornaram-se professores de Universidade. Professores de música foram Lenz e Prazon. A maioria entrou no comércio como: Bor, Witte, Eichberg, Sudbrack, Marquardsen e de La Rue. Tornaram-se agrimensores: Hennig, Brinkmann, Münzel, Schimmelpfenig, Gärtner e Wedelstädt. Muitos professores surgiram nas colônias, a maior carência naquele tempo. Encontramos o senhor Heinrich Harry Röhe em Dois Irmãos, von Wedel em Feitoria Velha, Meyer em Novo Hamburgo, Schäfer, o autor do diário, em São Domingos, Michaelsen em Nova Petrópolis RS, e Jürgensen em Mundo Novo (Três Coroas). Outros instalaram-se em Santa Cruz, Santo Ângelo e São Leopoldo, onde centenas entregaram suas armas, não sendo importunados, espalharam-se nas colônias, comprando terras, fundando sociedades de tiro e caça, de canto, e bibliotecas. Em Porto Alegre encontramos entre os fundadores da Sociedade de Ginástica, a Sogipa o tenente Schütt, Marquardsen, Ter Brüggen, e na literatura Jahn. O mais afamado entre eles sem dúvida o Karl von Koseritz. Diretor de imprensa primeiro em Pelotas onde casou com uma luso brasileira, depois em Porto Alegre, redator de Jornais, influenciava o povo com os seus escritos, advogado, defendia as causas dos colonos, informando-os de seus direitos e deveres. Introduziu a maçonaria nas colônias, enriquecendo os colonos, como ainda hoje se pode constatar nas belas sepulturas nos cemitérios evangélicos, com suas colunas esculpidas artisticamente, seus símbolos, datas e escritos históricos.






Colaboração: Felipe Kunh Braun, Jornalista e Historiador


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