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O papel transformador do Carnaval: o exemplo da Escola de Samba Império do Sol de São Leopoldo

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Imagem: Guilbert Trendt/ Start Comunicação

Nesta quarta-feira (4), o Programa Start News recebeu Miro, presidente da Escola de Samba Império do Sol, e Ramão Carvalho, carnavalesco e mestre-sala, que começaram definindo que o Carnaval é mais do que uma celebração, é uma força cultural, social e econômica que transforma vidas. Durante a conversa, o principal tema foi sobre a relevância dessa expressão cultural, onde ambos destacaram como o samba e o Carnaval moldam comunidades, educam e combatem preconceitos.


Carnaval: economia, cultura e resistência


"Emprega e alimenta pessoas. O Carnaval é cultura e deve ser incentivado, não rotulado como festa ou desperdício", afirmou Miro. Ele rebateu críticas ao investimento para os desfiles, destacando seu impacto econômico. "Cada R$ 1 investido retorna R$ 2,33 aos cofres públicos. Isso movimenta turismo, comércio e a economia local", reforçou Ramão.


Além da economia, o Carnaval é um espaço de enfrentamento ao racismo e à intolerância. "A escola de samba, como equipamento cultural, enfrenta diariamente preconceitos. É um espaço de inclusão e resistência", disse o carnavalesco.


Miro destacou que mesmo sem apoio financeiro, a Império do Sol encontra formas de sustentar suas atividades. "Nosso almoço do Dia Nacional do Samba, que ocorre dia 8 de dezembro, é uma tradição. O cardápio, feito com carinho, ajuda a arrecadar fundos para a escola e envolve toda a comunidade", disse.


Superação e legado social


A Império do Sol, que fica no bairro São Miguel, sofreu com a enchente de maio, que destruiu 100% de sua estrutura. No entanto, com o esforço da comunidade, a escola avança na reconstrução. "Estamos quase concluindo a reforma. Não usamos dinheiro público ou privado, apenas o esforço coletivo", explicou o presidente da Majestosa do Vale.


Além da reconstrução física, o impacto social do Carnaval é inegável. Ramão relatou sua própria história de transformação: "Eu era um menino da periferia sem perspectivas. A escola de samba me abriu portas, me inspirou a estudar e mudou minha vida. O Carnaval transforma e educa".


Segundo Miro, o projeto "Guris e Gurias da Majestosa" é outro exemplo. Crianças da periferia recebem apoio pedagógico e têm a chance de expressar seus anseios. "É um espaço que dá voz e oportunidade para crianças que não encontram isso em suas famílias", afirmou.


Dia Nacional do Samba: tradição e solidariedade


A Império do Sol celebra o Dia Nacional do Samba (2 de dezembro) com um evento anual que combina música e solidariedade. "O almoço popular é uma tradição há 19 anos. O cardápio, feito com carinho, ajuda a angariar fundos para a escola", disse Miro.


Durante o evento, a comunidade é convidada a contribuir para a continuidade dos projetos sociais. "Esse dia celebra o samba como eixo central da nossa cultura, mas também serve para reforçar a necessidade de apoio à manutenção desse equipamento cultural", completou Ramão.


Educação e transmissão de saberes


Para Miro e Ramão, a escola de samba é um espaço único de aprendizado e formação. "Lá se aprende dança, música, artes plásticas e muito mais. É uma fábrica de cultura", disse Miro. Ramão complementou: "Meu tema de dissertação foi o vetor de transformação social da escola de samba. É onde se formam mestres-sala, porta-bandeiras e mestres de bateria. É um saber que não se encontra em universidades."


"Enquanto houver uma criança aprendendo com a professora Daia, nosso samba será imortal", disse Ramão. Ele ressaltou que a escola continua a enfrentar preconceitos e falta de recursos, mas segue produzindo cultura, educação e inclusão.


Carnaval como símbolo de inclusão


O intercâmbio de culturas na escola de samba é outra riqueza destacada. "Foi na Império do Sol que trouxemos os índios de Parintins para o Rio Grande do Sul. É uma celebração da ancestralidade indígena, africana e europeia que moldou o Brasil", contou Miro.


Miro reforçou o compromisso da escola com a comunidade e a cidade. "Tivemos a garantia do novo prefeito de que haverá Carnaval. É mais do que um evento: é uma manifestação oficial, garantida por lei, e parte da alma de São Leopoldo", afirmou.


Memórias marcantes e um futuro promissor


Entre as conquistas da Império do Sol, Miro e Ramão relembraram momentos memoráveis, como a vitória no Carnaval de Porto Alegre com um enredo sobre o turismo local. "Cantamos o ‘caminho da farofa’, uma celebração simples, mas cheia de significado. Foi um orgulho para nossa comunidade", contou Ramão.


A escola, que desfilou com 2,2 mil componentes em 2023, planeja continuar crescendo e marcando presença nos carnavais futuros. "Nosso objetivo é recontar histórias, resgatar memórias e fortalecer nossa comunidade. O Carnaval é cultura, economia e, acima de tudo, transformação social", falou Miro.


Ambos concluíram com um apelo pela valorização do Carnaval e pela tolerância. "O Carnaval é o espelho da nossa história. Quem não valoriza o samba e o Carnaval, desmerece a própria cultura brasileira", finalizou Ramão.


O convite está feito: no próximo dia 8 de dezembro, a quadra do Império do Sol será palco de mais um capítulo dessa história, com samba, alegria e união como protagonistas.


A gravação completa do Programa Start News está disponível nos canais da TV Start News no YouTube e Facebook, e é reprisado nesta quarta-feira (4), às 20h20, na radiostart.com.br. 


Confira a entrevista completa:

Amanda Wolff, da Redação Start

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