Projeto financiado pela União Europeia vai grafitar os muros da Ocupação Justo

Imagem: Mariana Mattos.

A partir deste sábado (3), a Ocupação Justo, em São Leopoldo, vai receber um projeto de grafite que pretende pintar cinco muros a céu aberto no território, junto com crianças e adolescentes moradoras do local. O projeto idealizado pelo coletivo Arte Trabalhadora chama-se “O grafitti na parede já defende algum direito” e foi contemplado pelo edital do Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU), com recursos da União Europeia.

A ação será realizada em mobilização conjunta com o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e pela Tenda do Encontro – Ocupação Justo, que fazem parte da Rede Solidária – São Leopoldo. Cada mural levará um dia para ser criado. Os dias de pintura serão 3 e 17 de junho, 1⁰ e 15 de julho e 5 de agosto.

As imagens terão o compromisso de divulgar a Plataforma Nacional pelo Direito à Cidade, do FNRU, e a Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, abordando temas como erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, educação de qualidade e igualdade de gênero. As pinturas serão conduzidas pelo grafiteiro e Arte Educador, Guilherme da Silva Soares, que é integrante do grupo Arte Trabalhadora.

Para Soares, as pinturas proporcionam aprendizados sobre as técnicas do muralismo, bem como a valorização da cultura periférica e incentivo ao trabalho cooperativo. “Acreditamos que através da arte popular, toda uma comunidade pode ser sensibilizada para questões sociais importantes, que dizem respeito à garantia de direitos básicos de todos seres humanos”, afirma ele.

Iniciativas como essa já estão ocorrendo em diferentes periferias do mundo, modificando as paisagens e expressando as estéticas descentralizadas.

Projeto com a União Europeia

O projeto será financiado com recursos de fundo internacional, vindo da União Europeia e gerenciado pelo Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU), que é uma articulação nacional que reúne movimentos populares, sociais, ONGs, associações de classe e instituições de pesquisa com a finalidade de lutar pelo direito à cidade, modificando o processo de segregação social e espacial para construir cidades verdadeiramente justas, inclusivas e democráticas.

Foram 25 propostas aprovadas no Brasil inteiro, sendo a pintura na Ocupação Justo o único selecionado do Rio Grande do Sul.

Articuladores locais

Atuando, desde 2019, na região do Vale do Sinos , o coletivo Arte Trabalhadora, proponente dessw projeto no local, propõe-se a estar junto aos movimentos sociais populares, contribuindo na arte e comunicação. Desde 2021, seus integrantes atuam diretamente com o MNLM e a Rede Solidária de São Leopoldo, pintando muros e espaços de convivência nos territórios do movimento e realizando pinturas e oficinas de muralismo nas ocupações Renascer e Justo.

Já em 2022, Soares e a educadora social Mariana Mattos, integrantes do coletivo, foram chamados para atuar como educadores sociais no projeto “Mais Educa”, promovido pela Prefeitura Municipal de São Leopoldo e conquistado por todos os movimentos integrantes da Rede Solidária. Dessa maneira, trabalharam durante nove meses nas ocupações urbanas Steigleder, Justo e Renascer, oferecendo oficinas de Arte Popular para crianças e adolescentes.

Essa aproximação proporcionou a realização deste projeto, em uma articulação entre coletivo Arte Trabalhadora, responsável pelas pinturas, e o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e a Tenda do Encontro, da Rede Solidária de São Leopoldo, que vão organizar e mobilizar a participação dos moradores na iniciativa. Além de muros espalhados nas ruas da comunidade, também será revitalizado o muro da Tenda do Encontro, onde os participantes do projeto vão ser acolhidos, com lanche e refeição ao longo da ação.

Um dos resultados esperados desse projeto também é fortalecer a unidade entre os movimentos sociais populares locais e divulgar para todo o município de São Leopoldo a potência das ações que ocorrem nesse espaço, aumentando a rede de contatos e apoiadores do movimento.

Fonte: jornalista Mariana de Mattos