Terceirizações na saúde pública precisa ter seu modelo revisado com urgência - Por Bado Jacoby
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- 1 de set.
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A terceirização dos serviços públicos foi vendida, ao longo dos últimos anos, como a solução mágica para os entraves da máquina estatal. O discurso é conhecido: a iniciativa privada seria mais ágil, mais competente e menos engessada do que os governos. Mas a prática, especialmente na área da saúde, mostra exatamente o contrário. No Vale do Sinos, os casos recentes em Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo expõem um modelo que não só não resolveu os problemas, como criou novos.
Canoas: refém de contratos mal feitos
Canoas é talvez o exemplo mais claro de como terceirizações mal conduzidas podem aprisionar um município. A cidade convive há anos com contratos frágeis, que deixaram a saúde pública dependente de empresas que, em muitos momentos, não entregam o serviço esperado. O resultado é previsível: atendimento precário, reclamações constantes e uma rede que não se sustenta. A população paga a conta de uma gestão que acreditou na “eficiência privada” sem a devida fiscalização.
São Leopoldo: UPA com problemas e hospital sobrecarregado
Em São Leopoldo, a crise bateu de frente na UPA da Zona Norte, a segunda maior unidade de saúde pública da cidade e que tem relação direta e fundamental com o funcionamento e atendimento de toda a rede municipal de saúde. Médicos e demais profissionais contratados pela terceirizada responsável pela gestão, denunciam atrasos salariais e chegaram a paralisar as atividades no últimos dias. Quem sofre é o Hospital Centenário, que já estava no limite em seus atendimentos, vê agravar ainda mais a situação. É a prova, de que terceirizar não significa resolver: pelo contrário, cria uma dependência perigosa, onde a saúde da população fica refém da saúde financeira e da capacidade técnica de uma empresa.
Novo Hamburgo: cardiologia interrompida
Em Novo Hamburgo, a situação não é diferente. O atendimento de cardiologia no Hospital Geral foi simplesmente interrompido por falta de repasses para a terceirizada. Em outras palavras: vidas em risco porque contratos e pagamentos não foram cumpridos como deveriam. É inaceitável que serviços tão vitais sejam tratados com tamanha fragilidade nas fiscalizações e cumprimentos mínimos de contratos.
Um modelo que precisa ser revisto
A terceirização na saúde se transformou em um grande paradoxo: o modelo, pensado para dar agilidade, acaba gerando instabilidade. Não basta apenas cobrar que os governos façam os repasses em dia. É preciso perguntar se essas empresas têm condições reais de assumir responsabilidades tão amplas. Na maioria das vezes, a resposta é não.
A lógica de terceirizar para “enxugar custos” pode até agradar planilhas de secretarias de finanças, mas se choca com a realidade das filas, da superlotação e da insegurança de quem precisa de atendimento.
Saúde não é negócio
A verdade é que saúde pública não pode ser tratada como negócio. Empresas privadas buscam lucro e essa lógica se choca com a necessidade de oferecer atendimento de qualidade universal e contínuo. A cada atraso, paralisação ou quebra de contrato, não são os números que sofrem, mas sim os usuários da saúde pública.
Se governos querem de fato melhorar os serviços de saúde, é hora de rever esse modelo de terceirização desenfreada, investir em planejamento, fortalecer o quadro público e criar mecanismos rigorosos de fiscalização. O que não dá é para continuar repetindo o mantra da “eficiência privada” enquanto hospitais superlotam e unidades fecham portas.
Da redação do www.startcomunicacaosl.com.br / Por Bado Jacoby


































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