O dia a dia de um ambulante pelas ruas de São Leopoldo
- Alexon Gabriel - Jornalista - MTB 11472/RS
- há 6 dias
- 2 min de leitura

Sempre quando uma crise econômica acontece, os primeiros a sofrer as consequências são os trabalhadores. É o que acontece hoje no Brasil, onde o número de pessoas desempregadas no primeiro trimestre de 2025 foi de 7,7 milhões de, segundo o IBGE. Se somarmos aqueles que estão no chamado trabalho informal, podemos chegar a mais de 20 milhões de pessoas.
Muitos desses, por desalento em não conseguir um emprego formal e outros por possibilidades de ganhos maiores em atividades consideradas informais.
Muitas vezes, a informalidade é uma opção melhor do que trabalhar para receber um salário mínimo de apenas R$ 1.518, que, segundo o Dieese, é quatro vezes menos do que é realmente necessário para sustentar uma família de quatro pessoas. A Constituição Federal estabelece que o salário mínimo deve ser o bastante para suprir os gastos relativos a alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, e deve sofrer reajustes periódicos que preservem o poder aquisitivo do cidadão e de sua família.
A reportagem da Start foi conhecer a história de uma desses personagens que povoam as ruas e avenidas de São Leopoldo. Carlos Adriano, 42, casado, pai de um filho, morador do bairro Santa Tereza, na zona sul de São Leopoldo, busca o sustento da sua família vendendo frutas nos semáforos da cidade. Sua rotina vai de segunda a sexta-feira, de 8h às 19h, e às vezes aos sábados também.
“Hoje em dia está difícil as pessoas gastarem dinheiro. Antigamente, eu chegava aqui com três caixas às 8h, e às 13h não tinha mais produto. Agora, muitas vezes, paro às 19h sem vender tudo. Quando o sinal está bom, nem paro pra almoçar, vou direto”. Atualmente, Carlos tem oferecido seus produtos na sinaleira da Avenida São Borja esquina com a Mário Sperb.
Carlos, antes de trabalhar no emprego informal, trabalhava em uma empresa metalúrgica, com carteira assinada e todos os direitos trabalhistas. Porém, assim que a crise se abateu sobre o setor, foi demitido. ¨Eu não tive opção, precisava sustentar a minha família. Hoje eu não penso mais em voltar a trabalhar dentro de uma empresa¨, explica Carlos. Apesar de todas as dificuldades que é trabalhar na rua, Carlos se desloca todos os dias para algum ponto da cidade vender a sua mercadoria “Todo mundo tem dois reais no bolso, na gaveta do carro”, explica. A realidade é a mesma de milhões de pessoas que buscam na informalidade o sustento da família.
Sobre sair das ruas e voltar para o mercado formal, ele diz: “só largo o trabalho de vendas em sinais se ganhar mais do que tiro na rua, mais que o salário mínimo. Vou sair da rua pra ganhar menos?” Esse relato é apenas um retrato da ginástica diária de milhões de brasileiros pela sobrevivência. Nas cordas do trapézio da vida, o seu equilíbrio e a sua queda exigem sempre, a todo momento, uma recuperação rápida.
Da redação do www.startcomunicacaosl.com.br/ Por Alexon Gabriel
Comments