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Brizola, mais que um lenço vermelho sobre a camisa azul - Por Geison Freitas

Setembro se aprochega, fumacento, chuvoso e trajado de lenço vermelho no pescoço. Estamos de “mêsversário”, pois, todo gaúcho que não nasceu em setembro é um pouco Setembrino, porque não há quem não queira comer um costelão, tomar um mate em volta de um fogo de chão ou visitar algum acampamento Farroupilha para ouvir uma milonga chorosa ou uma gaita fandangueira e mostrar para os filhos a cultura gaúcha viva e pujante.


Sob o céu escuro da madrugada fria do Rio Grande paira a névoa, algum desavisado, ou estrangeiro vai achar que é a famosa cerração do inverno gaúcho, ou quem sabe aquela neblina que de vez em quando fecha o Aeroporto Salgado Filho, mas não, não é neblina ou cerração, é a fumaça da lenha que assa as centenas de costelões ao fogo de chão, em cada acampamento, CTG, Piquete ou galpão espalhados pelo estado a fora. Chegou o mês do churrasco, do cheiro de costela no ar, do som do chamamé nas rádios e da política, obvio.


No meio disso tudo, de toda essa tradição e cultura tem a gauchada, uns de lenço branco, outros de lenço vermelho, Ximangos x Maragatos, desfilando a pilcha mais bonita por todos os costados e trocando trovas num dialeto que é só nosso, quase incompreensível pra quem é de fora do Rio Grande.


Nessas andanças do mês Farroupilha entra a política, seja aquela de boa vizinhança ou a partidária, conversas, trocas de experiências, locais de encontros, risadas e articulações. O pensamento sobre o futuro é o assunto de sempre nas rodas de conversas políticas, essa é a nossa vida, nosso dia-a-dia, e nem no nosso “mêsversário” gaudério deixamos de fazer política, aliás, alguns, identificados o tradicionalismo, fazem ainda mais política nessas épocas.


A política está no lenço, na música, no aperto de mão, no nosso hino, na história do nosso povo. Eu me orgulho do lenço vermelho, nem tanto por ser o lenço Maragato, mais por ser o lenço do Brizola, o lenço vermelho sobre a camisa azul que marcou a identidade do trabalhismo no Rio Grande e forjou o caráter de luta de quem segue as origens desse grande líder. O lenço vermelho, do Brizola, tem origem no pai, um Maragato, mas a ressignificação se deu pela trajetória política e se constituiu em uma nova identidade para o lenço, não mais somente um lenço Maragato, mas um lenço símbolo da defesa do povo trabalhador. Brizola, na campanha da Legalidade, demonstrou o significado do lenço vermelho que ele usava, na prática. 


É em setembro que o Rio Grande vira país, que o gaúcho relembra a Guerra dos Farrapos e reafirma o compromisso com o próprio povo. Algum desavisado, Catarina, Paulista ou desses outros tantos países que ficam pra lá de Torres, dizem que o gaúcho comemora uma guerra que perdeu. Ora, mas que falta de visão desses estrangeiros, o gaúcho não comemora uma guerra que perdeu, o gaúcho comemora uma guerra que lutou, que defendeu seu povo, seu chão e suas origens, uma guerra que valia a pena lutar. Na política também é assim, a história se repete e quem não conhece a própria história corre o risco de repetir os erros do passado, ou os acertos, depende do ponto de vista, se é Ximango ou Maragato, mas o povo é quem tem que sair vencedor, no fim das contas, o povo tem que olhar pra trás e saber que lutou a guerra que valia a pena lutar.


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Geison Freitas, é advogado e vereador pelo PDT de São Leopoldo


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