Crise na saúde expõe a falta histórica de integração entre Secretaria, Fundação e Hospital Centenário
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- 2 de out.
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São Leopoldo, enfrenta mais uma de suas tantas e intermináveis crises na saúde pública. É um filme que só muda os personagens e a data da produção, mas o enredo é sempre o mesmo. Filas intermináveis, superlotação no pronto-socorro e dificuldades de acesso a consultas e exames são sintomas de um problema que vai além da falta de recursos financeiros e humanos. A crise se agrava com a salada de muitos ingredientes que se formou na gestão da saúde pública do município. E essa salada tem como tempero amargo, a falta de integração entre os três pilares que sustentam o sistema municipal que são: a Secretaria da Saúde, a Fundação Municipal de Saúde e o Hospital Centenário. E nem vamos falar, do "sujeito oculto", chamado terceirização dos serviços em todas as áreas da saúde.
Estrutura que não se conversa
Em tese, a divisão de responsabilidades deveria garantir eficiência. A Secretaria da Saúde planeja políticas públicas e coordena a rede; a Fundação Municipal de Saúde executa a atenção básica e especializada; e o Hospital Centenário cuida dos casos de média e alta complexidade. Na prática, porém, os órgãos atuam de forma quase independente, sem canais eficazes de comunicação e integração.
Profissionais que atuam na rede relatam que a Secretaria "formula" diretrizes que muitas vezes não chegam a ser aplicadas no cotidiano da Fundação ou do Hospital. Já a Fundação, criada para agilizar contratações e dar maior flexibilidade, acabou se transformando em uma estrutura paralela, que responde mais às próprias demandas administrativas do que às diretrizes do município.
O Hospital Centenário, por sua vez, que deveria funcionar como referência, sofre com isolamento institucional. Sem integração com a atenção básica, recebe pacientes que poderiam ter seus caso resolvidos nas UBSs, gerando superlotação no pronto atendimento e esgotamento de leitos. E ainda temos a questão da UPA Zona Norte, com suas intermináveis crises de gestão(terceirizada), que muitas vezes complica e agrava ainda mais a situação do Centenário.
Impacto direto na população
O resultado dessa desarticulação é visível no dia a dia. A população enfrenta meses de espera para exames simples, demora para consultas especializadas e um pronto atendimento constantemente acima da capacidade, atual situação do Centenário. A lógica do SUS, que prevê que a atenção primária resolva a maioria dos casos, evitando a sobrecarga hospitalar, é quebrada pela falta de uma coordenação mais adequada.
“Falta um sistema de regulação que funcione. O paciente sai da unidade básica sem solução e vai direto para o Centenário, que já não dá conta. É um círculo vicioso”, relatam, a maioria dos envolvidos e conhecedores da estrutura da saúde pública leopoldense.
Crise de gestão, não só de recursos
Embora a limitação orçamentária seja um fator, ao mesmo tempo, é voz comum de todos que conhecem minimamente a estrutura atual, apontam que o problema central é de gestão e coordenação. Em vez de trabalhar como uma rede integrada, cada órgão atua de forma fragmentada, resultando em sobreposição de funções, burocracia excessiva e desperdício de recursos. E o mais grave, o problema vem de longe e não acontece o enfrentamento necessário.
O fato posto, é que a falta de um comando unificado e de metas comuns faz com que a máquina pública não consiga responder às necessidades da população. “O que se vê é uma disputa velada entre estruturas e quem paga essa conta é o cidadão, que fica sem o atendimento adequado”.
O desafio
O desafio para São Leopoldo, conforme mostra a história já não tão recente, não está apenas em aumentar investimentos, mas em criar mecanismos de integração real entre a Secretaria, a Fundação e o Hospital Centenário. Isso inclui sistemas de regulação eficientes, protocolos únicos de atendimento e um planejamento conjunto que defina prioridades e metas.
Enquanto isso não acontece, a saúde municipal permanece em crise crônica, marcada por improvisos e tensões internas. A população, mais uma vez, é quem sofre com a fragmentação de um sistema que deveria funcionar de forma integrada.
A saúde pública de São Leopoldo precisa de um “primeiro-ministro” que olhe para toda a estrutura e enfrente os desafios. Um gestor geral com currículo e credibilidade, cuja autoridade seja maior do que as disputas políticas e corporativas.
A administração municipal de São Leopoldo está perdendo uma grande oportunidade de mostrar a verdadeira situação da colcha de retalhos em que se transformou a gestão da saúde. Uma estrutura que mantém refém a própria administração e, principalmente, a população de São Leopoldo, que sofre com a precariedade do atendimento.
O prefeito Heliomar Franco precisa buscar, com urgência, esse primeiro-ministro da saúde e despachar com ele, pelo menos, uma vez por dia.
Da redação do www.startcomunicacaosl.com.br / Por Bado Jacoby


































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