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Enquanto nos Estados Unidos o combate ao crime organizado é atribuição federal, no Brasil querem tirar


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Enquanto nos Estados Unidos o governo federal é o principal responsável pela formulação, coordenação e atuação direta no combate às drogas e às organizações criminosas, o Brasil pode caminhar para uma mudança de direção caso seja aprovado o chamado projeto antifacção, que prevê a retirada do protagonismo da Polícia Federal das ações contra o crime organizado, transferindo maior responsabilidade para estados e outros órgãos.


Nos EUA, a luta contra o narcotráfico e o crime organizado é coordenada por estruturas federais de grande capacidade, como DEA (Drug Enforcement Administration), FBI, Departamento de Segurança Interna (DHS) e Departamento de Justiça, além do apoio das Forças Armadas quando necessário. Estados e condados participam, mas o comando estratégico permanece em nível federal, seguindo a lógica de que o crime organizado ultrapassa fronteiras locais e exige resposta nacional integrada.


No Brasil, a Polícia Federal desempenha função semelhante: investiga tráfico internacional, lavagem de dinheiro, atuação de facções em vários estados, conexões com milícias, contrabando de armas e ilícitos transnacionais. A PF também coordena cooperação internacional com Interpol, DEA, Europol e forças policiais de países vizinhos — o que é considerado essencial em um país que faz fronteira com grandes produtores de drogas e armas como Bolívia, Paraguai, Colômbia e Peru.


Risco de fragmentação e desigualdade operacional


Especialistas avaliados em debates públicos afirmam que retirar a PF da linha de frente poderia enfraquecer o modelo de inteligência integrada, resultando em aumento da fragmentação e diferenças operacionais entre estados. Nos EUA, quando há disputas entre autoridades locais, o governo federal intervém com poder e estrutura. No Brasil, estados possuem capacidades muito distintas — enquanto alguns contam com forte aparato de inteligência, outros enfrentam limitações financeiras, tecnológicas e de efetivo.


A mudança também pode afetar cooperações internacionais e investigações sobre lavagem de dinheiro, que normalmente passam por órgãos federais, além de abrir espaço para maior politização regional da segurança pública.


O papel estratégico do nível federal


Tanto nos EUA quanto no Brasil, analistas costumam apontar três razões pelas quais o combate ao crime organizado precisa de atuação federal:

  1. O crime não respeita fronteiras estaduais ou municipais

  2. O fluxo de drogas, armas e dinheiro é internacional

  3. O poder das facções é econômico, territorial e digital, exigindo tecnologia e inteligência permanente


Enquanto os Estados Unidos seguem reforçando o papel central e nacional da fiscalização antidrogas, o Brasil discute um reposicionamento que pode alterar sua política de segurança para os próximos anos. Caso o projeto seja aprovado, o país precisará enfrentar o desafio de evitar brechas operacionais, redução de cooperação internacional e aumento de autonomia territorial das facções, que hoje já atuam simultaneamente em presídios, fronteiras, portos, redes financeiras e plataformas digitais.

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