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O casamento gay destrói a família? - Por Giórgia Francesca Giordano

Não, o casamento gay não destrói a família, o que destrói as famílias é:


As mães e os pais esgotados por uma rotina de trabalho exploratória e mal remunerada.


É criar filhos em um mundo que normalizou a degradação ambiental. Morar em uma cidade imunda, sem áreas verdes e manaciais limpos, enquanto olha uma linda paisagem na tela de bloqueio de um computador.


São mães sobrecarregadas com um emprego, trabalho doméstico e cuidado com os filhos, enquanto a eterna adolescência masculina é perdoada em homens "que só querem ser deixados em paz".


É ter um filho agredido ou assassinado por ser gay, preto ou torcer para o time errado.


É saber que seus filhos e filhas vão passar um ano sem professores de determinadas disciplinas por que a escola pública está sucateada. Criá-los em um mundo carente de perspectivas e oportunidades, para quem não teve o "mérito" de nascer herdeiro.


É tentar criar filhos cheios de esperança num futuro profissional, enquanto esconde o burnout por trás de todo o seu esforço e comprometimento.


Enquanto você tem pesadelos (ou sonhos complicados) com o beijo gay na Novela das 21h, tem um mundo clamando por justiça, e um planeta tentando respirar.


Queridos entusiastas de Idade de Ouro: os tais "valores que se perderam" é o meu saldo negativo no banco, por falta de reposição salarial justa.


O casamento idílico dos seus avós era produto de uma época em que a mulher apanhava calada. Talvez sua avó tenha sido feliz, mas aposto que muitas amigas dela dormiram com o inimigo para o resto de suas vidas.


A tal "pílula vermelha" que te permite sair da Matrix talvez te faça perceber que não existe o vencedor solitário em meio a tantos perdedores.


Giórgia Francesca Giordano, é professora de história da rede municipal e estadual de São Leopoldo

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