Revolução Farroupilha completa 190 anos em 2025

Movimento iniciado em 1835 marcou a história do Rio Grande do Sul e reverbera até hoje no Brasil e no mundo

O ano de 2025 marca os 190 anos da Revolução Farroupilha, o mais longo conflito armado da história do Brasil (1835–1845). Mais do que uma guerra regional, o levante ecoou muito além das fronteiras do Rio Grande do Sul, inspirando movimentos em Santa Catarina e até na Europa.

Celebrar o 20 de Setembro é relembrar dez anos de lutas que moldaram a identidade gaúcha e projetaram figuras que até hoje são reverenciadas no Brasil e no exterior.

Bento Gonçalves: o líder farrapo

Figura central da Revolução, Bento Gonçalves da Silva (1788–1847) personifica o espírito da resistência farroupilha. Estancieiro, militar e político, foi um dos principais articuladores do movimento e primeiro presidente da República Rio-Grandense. Preso em 1836 e levado ao Rio de Janeiro, conseguiu escapar da prisão, retornando ao Sul para reassumir a liderança da revolta. Sua coragem, habilidade militar e carisma consolidaram sua imagem como símbolo máximo da luta pela autonomia e liberdade do povo gaúcho.

Garibaldi: do Rio Grande à Europa

A presença de Giuseppe Garibaldi (1807–1882) na Revolução é considerada um dos capítulos mais marcantes. Ao lado de Anita (1821–1849), o italiano encontrou nas batalhas no Sul do Brasil o aprendizado que levaria para a unificação da Itália, décadas mais tarde.

“Garibaldi chega como homem do mar e sai como comandante de tropas. O aprendizado no Rio Grande o acompanha pelo resto da vida”, explica o professor da UFRGS, Cesar Guazzelli.

A influência dos italianos

Além de Garibaldi, outros imigrantes tiveram papel fundamental, como Tito Lívio Zambeccari (1802–1862) e Luigi Rossetti (1800–1840). Ambos trouxeram ideias revolucionárias da Europa e ajudaram a moldar a República Rio-Grandense.

Rossetti, por exemplo, dirigiu o jornal O Povo, veículo oficial dos Farrapos, responsável por difundir o ideário de liberdade. Já Zambeccari foi próximo de Bento Gonçalves e teria colaborado na criação da bandeira da República.

Laguna e a República Juliana

A busca por acesso portuário levou os Farrapos a Santa Catarina. Em 1839, após a audaciosa construção e transporte dos barcos Farroupilha e Seival, os rebeldes tomaram Laguna e proclamaram a República Juliana, que se uniu à República Rio-Grandense em confederação.

Esse episódio consagrou Garibaldi e Anita e fortaleceu o mito revolucionário.

Memória preservada

Do casarão de Gomes Jardim em Guaíba, onde foi tramada a invasão de Porto Alegre, ao Morro da Fortaleza em Viamão e ao Museu do Gaúcho, em Pedras Brancas, os marcos da revolução ainda estão espalhados pelo Estado. Monumentos, museus e tradições mantêm viva a lembrança de um conflito que durou uma década e moldou a cultura gaúcha.

Uma República com três capitais

Durante os dez anos de guerra, os Farrapos proclamaram a independência e tiveram três capitais itinerantes: Piratini, Caçapava do Sul e Alegrete. A interiorização da luta, após a perda de Porto Alegre, garantiu fôlego à revolta.

Segundo o historiador Luciano Aronne de Abreu, a adoção de táticas de guerrilha e o uso de tropas formadas por estancieiros foram fundamentais para prolongar o conflito e consolidar o mito do gaúcho guerreiro. Redação do www.startcomunicacaosl.com.br | Por Miguel Thurler