Saída recorde do Bolsa Família reacende debate sobre dependência de benefícios sociais
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O Bolsa Família registrou, em 2025, a saída de mais de 2 milhões de famílias, marcando o maior recuo desde o relançamento do programa no início do governo Lula (PT). De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, o movimento reflete não apenas o crescimento da renda, mas também ajustes nas regras de permanência, que tornaram o benefício mais focalizado em famílias de baixa renda.
Em outubro, o programa atendeu 18,9 milhões de lares, o menor número desde 2022, quando ainda se chamava Auxílio Brasil. Entre os 2,06 milhões de desligamentos, cerca de 1,3 milhão ocorreu devido ao aumento da renda familiar, enquanto outros 726 mil deixaram o programa por causa do fim da chamada “regra de proteção”, mecanismo que permitia a permanência temporária mesmo após a melhora financeira.
Segundo o governo federal, a mudança está relacionada à melhora do mercado de trabalho e ao avanço do empreendedorismo entre os cadastrados no CadÚnico. Dados oficiais indicam que 58% das novas vagas formais abertas no primeiro semestre de 2025 foram preenchidas por pessoas que, até então, recebiam o benefício.
Mas o resultado também reacendeu um debate antigo e polêmico sobre o papel das políticas sociais no país. Críticos sustentam que programas de transferência de renda, quando mantidos por longos períodos, podem criar dependência e desestimular a busca por emprego formal, transformando o Estado em um provedor permanente. Em contraponto, especialistas em políticas públicas afirmam que o Bolsa Família tem efeito contrário, funcionando como porta de entrada para o mercado de trabalho ao garantir segurança mínima para famílias vulneráveis e reduzir a pressão imediata por subsistência.
A economista e professora da UFRGS, Cláudia Morais, explica que o impacto positivo do benefício depende da forma como ele é administrado:
“Quando há acompanhamento social e incentivo à formalização, o Bolsa Família é trampolim, não muleta. O problema está em tratar o assistencialismo como política única — ele precisa vir junto de qualificação profissional e geração de oportunidades”, destaca.
Com o cenário econômico dando sinais de estabilidade e a taxa de desemprego em queda segundo o IBGE, a menor desde 2014, o governo avalia que o atual recuo nas adesões mostra o amadurecimento do programa. Ainda assim, analistas lembram que a pobreza extrema ainda atinge cerca de 9 milhões de brasileiros, e que a redução do número de beneficiários não significa o fim da vulnerabilidade, mas sim um rearranjo das prioridades e perfis atendidos.
A discussão sobre se o Bolsa Família emancipa ou acomoda segue dividindo opiniões — mas, ao que tudo indica, os números de 2025 mostram que, ao menos neste momento, mais brasileiros estão deixando de depender do benefício para caminhar com as próprias pernas.
Da redação do www.startcomunicacaosl.com.br

































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