SaúdeInfluenza, gripe aviária ou Covid-19? Veja como diferenciar as doenças
- Alexon Gabriel - Jornalista - MTB 11472/RS
- 30 de mai.
- 3 min de leitura

Gripe aviária, influenza ou Covid-19? Saiba como diferenciar as doenças
Às vezes, pode ser difícil saber, pelos sintomas, se é gripe aviária, influenza ou Covid-19; entenda as diferenças entre as doenças
Nos últimos tempos, surgiram novos casos humanos esporádicos de gripe aviária (H5N1) no continente americano e o primeiro foco confirmado em granja comercial no Brasil. Por isso, é ainda mais importante, no momento, conseguir reconhecer a doença e diferenciá-la de outras que possam ser parecidas.
Contudo, mesmo para os médicos, isso pode ser difícil. Isso porque coisas como febre, tosse, dor no corpo e sintomas respiratórios inferiores são manifestações comuns tanto na gripe aviária quanto na Covid-19 e na influenza sazonal. A diferenciação entre essas doenças exige um olhar extremamente cuidadoso.
“Na fase inicial, o quadro clínico pode ser praticamente indistinguível. O que muda são os contextos: a gripe aviária costuma estar associada a contatos com aves, surtos locais ou exposição ocupacional, e apresenta uma progressão mais agressiva, muitas vezes com evolução rápida para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)”, explica o Dr. Klinger Soares Faico Filho, médico infectologista da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), apresentador no InfectoCast e referência em virologia.
Similaridades e diferenças clínicas: quando suspeitar?
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, as infecções humanas por H5N1 costumam apresentar-se com sintomas clássicos de síndrome gripal. Ou seja: febre, tosse, cefaleia, dor de garganta e mialgia. Porém, o curso clínico frequentemente é mais severo.
Os pontos que sugerem H5N1 na prática clínica são:
Evolução precoce para dispneia e hipoxemia
Infiltrados pulmonares extensos em tomografia
Hemoptise, diarreia ou manifestações neurológicas em alguns casos
História de exposição a aves infectadas ou regiões com surtos documentados
Ausência de contato com pessoas sintomáticas (ao contrário da Covid-19)
“O H5N1 tem alta letalidade nos casos confirmados. A suspeição precoce salva vidas — tanto do paciente, quanto da comunidade. A notificação imediata é fundamental, mesmo em casos isolados”, reforça Dr. Klinger.
O que o médico deve perguntar?
Caso você apresente esses sintomas, o médico deve sempre investigar, fazendo perguntas sobre:
Trabalho ou visita recente a granjas, abatedouros, feiras de aves vivas
Contato com aves silvestres mortas ou doentes
Viagens a regiões com circulação ativa de H5N1 (como Ásia, África, Chile, EUA)
Participação em resposta veterinária ou sanitária em surtos aviários
Sinais clínicos de gravidade desproporcional em relação ao tempo de evolução
“Diferente da Covid-19 ou da Influenza comum, que circulam amplamente entre humanos, o H5N1 exige esse rastreio de contexto. O quadro clínico sem o vínculo epidemiológico perde força diagnóstica”, destaca o infectologista.
Condutas recomendadas em caso suspeito
O Ministério da Saúde recomenda que casos com suspeita de infecção por H5N1 sejam imediatamente notificados às secretarias estaduais e ao CIEVS (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde).
Além disso:
A coleta de swab nasal/nasofaringeo deve ocorrer o mais cedo possível
Testes moleculares (RT-PCR) específicos para influenza A com subtipagem são essenciais
O antiviral oseltamivir pode ser utilizado precocemente, com benefício potencial
O paciente deve ficar em isolação em ambiente hospitalar com precauções de contato e aerossóis
“O manejo do H5N1 exige estrutura hospitalar, equipe treinada e suporte intensivo. Mesmo em países com recursos, a letalidade segue elevada. Por isso, vigilância, rastreio e contenção são mais eficazes que tratar quando a doença já se instalou”, enfatiza Dr. Klinger.
FONTE: PORTAL METRÓPOLES
FOTO: Getty Images
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