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São Leopoldo: Casa Padre Orestes dá voz a jovens através da arte, literatura e conexão comunitária

Foto: Mariana Santos
Foto: Mariana Santos

O trabalho realizado na Casa Padre Orestes (Associação Isaura Maia), uma associação que oferece o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), destinado a atender em regime de contraturno escolar crianças e adolescentes de 6 a 18 anos, foi pauta no Programa Start News.


Silvani Santos, psicóloga que atua na entidade, explica que o trabalho desenvolvido na Casa Padre Orestes, vai além de atividades de reforço escolar. Com uma equipe formada por educadores e profissionais de apoio, as atividades têm foco na educação social e popular, abordando temas como cultura, direitos humanos e protagonismo juvenil. Segundo Silvani, os jovens também têm a oportunidade de vivenciar a chance de se conectar com atividades lúdicas, além de escapar da rotina tecnológica, com brinquedos de madeira e outros itens que incentivam a desconexão do celular.


A Coordenadora Pedagógica da Associação Isaura Maia, Jessica Gil Schossler, também ressalta a importância do trabalho em rede realizado pela Casa Padre Orestes, que recebe crianças e famílias em situação de vulnerabilidade social, encaminhadas pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ou por medidas de proteção do Judiciário. "O serviço é voltado para a inclusão social, buscando promover o direito à infância e o fortalecimento dos vínculos familiares", destacou. Além disso, o trabalho se estende ao apoio das famílias, oferecendo orientações e estratégias para lidar com as demandas sociais e educacionais, o que tem trazido resultados positivos, tanto para as crianças quanto para as famílias atendidas.


Jessica Schossler destaca a importância de envolver as crianças e adolescentes em processos criativos para fortalecer sua autoestima e ajudar no enfrentamento do sofrimento. “Nosso objetivo sempre foi mostrar que o melhor lugar para essas crianças está em suas famílias, seja a família nuclear ou extensa. A literatura tem esse poder de criar vínculos e possibilidades”, conta a coordenadora.


O projeto inicial envolvia escrever poesias para serem distribuídas junto com as marmitas na cozinha comunitária do local. Aos poucos, as atividades foram se expandindo, e em 2023, com o apoio de um edital do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente, o projeto ganhou um novo fôlego. A ideia de escrever um livro, com poesias e ilustrações, surgiu como forma de dar visibilidade ao trabalho realizado pelas crianças e adolescentes. O Livro “Poetizar-se: palavras que colorem mundos", foi lançado neste mês de abril.


Da oficina à publicação, o processo criativo do livro Silvani Santos explica como o processo foi um exercício de ressignificação para todos os envolvidos. “A ideia de criar um livro era algo muito abstrato para as crianças no início. Elas não sabiam como seria o processo, como suas palavras e desenhos poderiam se transformar em algo concreto. Mas fomos trabalhando com elas, mostrando a importância de cada etapa, desde a escrita até a impressão”, explica Silvani. Durante as oficinas, os participantes foram incentivados a criar poesias e desenhos, que refletiam não apenas suas experiências pessoais, mas também a cultura local. Alguns relatos falavam sobre histórias do bairro, como a lenda da "Árvore do Amor", e outros mais introspectivos, como contos sobre sentimentos de amizade e pertencimento, relata.


Quando o livro finalmente foi impresso e entregue, o impacto foi profundo. “Ver os meninos e meninas procurando pelo seu texto ou desenho no livro foi emocionante. Eles nunca imaginaram que o que estavam criando ganharia tanta importância. Esse projeto mostrou a eles que sua voz e sua arte são valiosas”, diz a psicóloga. A publicação, que já está sendo distribuída, é um marco não apenas para os jovens envolvidos, mas também para toda a comunidade. Eles agora sabem que suas histórias podem ser lidas em bibliotecas e escolas, e que a arte e a literatura são poderosas ferramentas de expressão e cura, finaliza.

Jessica também ressalta que a literatura e a arte têm um papel crucial na saúde mental. “Esses jovens enfrentam muitos desafios, e a maneira como expressam seu sofrimento pode ser interpretada de várias formas. A literatura oferece um espaço para que eles se encontrem, se compreendam e se conectem com o mundo de uma maneira mais saudável”, afirma.


Além disso, o projeto também trouxe à tona questões relacionadas ao gênero e ao sofrimento. De acordo com Jessica, os meninos costumam manifestar o sofrimento através de comportamentos mais agitados, enquanto as meninas tendem a ser mais introspectivas. Esse panorama foi fundamental para entender as necessidades específicas de cada grupo e trabalhar de maneira personalizada com eles.


A questão do imediatismo também foi amplamente discutida. A crescente influência das redes sociais, que constantemente estimulam a busca por gratificação instantânea, é um desafio para os educadores. "Às vezes planejamos atividades que, na teoria, levariam horas, mas em cinco minutos eles já terminam e querem fazer outra coisa", conta Silvani. Ela aponta a necessidade de resgatar o prazer no processo de criação e reflexão, algo que se perde com a constante busca por conteúdos rápidos e superficiais.


Um dos maiores desafios enfrentados pela equipe é o distanciamento dos serviços públicos, que estão centralizados em outras partes da cidade. Silvani relembra que muitos jovens percebem São Leopoldo, o centro da cidade, como um lugar distante e quase inacessível. "Hoje, minha mãe foi para São Leopoldo, porque lá é o centro, de tão longe que é", diz uma das crianças do projeto, ressaltando o isolamento geográfico da comunidade. Para Silvani o projeto também trabalha em estreita colaboração com a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro, facilitando o acesso a serviços de saúde e apoio psicossocial. "O trabalho de proximidade com a comunidade faz toda a diferença. Podemos intervir de maneira mais rápida e eficaz", conta.


As oficinas do projeto, que acontecem semanalmente, buscam não apenas o desenvolvimento de habilidades técnicas, mas também o acolhimento emocional dos participantes.


Da Redação www.startcomunicacaosl.com.br - Por Mariana Santos - Jornalista MTB 19788/RS

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