São Leopoldo se prepara para a Burger Week 2025: nove hamburguerias em um desafio saboroso
- Start Comunicação

- 29 de mai.
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Entre os dias 30 de maio e 08 de junho, os apaixonados por hambúrguer têm um compromisso marcado em São Leopoldo. A cidade recebe mais uma edição da Burger Week, um circuito gastronômico que reúne nove estabelecimentos locais, cada um com sua receita especial e algumas até criadas exclusivamente para o evento.
Diferente de um festival concentrado em um único local, a Burger Week é um desafio itinerante: a ideia é o público percorrer os restaurantes participantes ao longo da semana. A dinâmica é simples, a cada hambúrguer consumido, o cliente recebe um carimbo no “passaporte” do evento. E de acordo com a organização do evento, quem completar o circuito, visitando todos os estabelecimentos, garante um kit da Oderich, um voucher de desconto para futuras visitas e ainda concorre a uma viagem para Gramado.
Nesta edição, os organizadores criaram um menu digital, permitindo que o público escolha antecipadamente quais hambúrgueres vai experimentar. “A ideia é provocar as pessoas a conhecerem todas as operações gastronômicas da cidade”, afirma Fabiano Chaves.

De acordo com Fabiano Chaves, proprietário do Funny Feelings e um dos organizadores, o evento não exige que as visitas sejam feitas no mesmo dia, o circuito está aberto durante os dez dias do festival. “Dá para fazer um por dia, com calma. Só precisa ter fome”, brinca.
O também organizador André Rotta, proprietário do estabelecimento República das Cervejas, reforça o caráter desafiador, mas divertido, da proposta. “São nove hambúrgueres em dez dias. Dá até pra tirar um dia de folga no meio. E quem completa o desafio ainda ganha um cupom de desconto para usar depois. No fim das contas, praticamente recupera o que gastou.”
Mudança no movimento do público
Apesar do esforço, os desafios são grandes. A migração do público jovem para cidades vizinhas como Novo Hamburgo e Canoas, onde há mais opções de lazer noturno, é visível. Além disso, há uma mudança no comportamento das novas gerações, que saem menos de casa, preferindo experiências mais pontuais e durante o dia, afirma André Rotta.
A cidade de São Leopoldo já viveu dias mais vibrantes quando o assunto era vida noturna. No passado, o centro funcionava como um verdadeiro shopping a céu aberto, reunindo bares, restaurantes e casas noturnas que movimentavam a economia local e atraíam moradores e visitantes. Hoje, no entanto, o cenário é diferente. O município luta para se adaptar a mudanças no comportamento dos consumidores, no perfil dos bairros e nas dinâmicas econômicas.
Segundo o empresário André Rotta, São Leopoldo não conseguiu acompanhar as transformações que ocorreram na região. “Se você somar todas as operações noturnas ativas hoje na cidade, não enche uma casa noturna de Novo Hamburgo”, compara. Atualmente, a cidade conta com apenas algumas poucas casas noturnas, diferente de como era alguns anos atrás.
O problema, segundo Rotta, vai além da questão do entretenimento. A cidade falhou em se planejar para lidar com os fenômenos sociais e econômicos que surgiram nas últimas décadas. “A gestão pública não entendeu ou não entende os fenômenos que estão acontecendo. Não há um plano de cidade para lidar com isso”, critica.
Fabiano Chaves e André Rotta destacaram que os efeitos da enchente de 2024 não se limitaram aos dias de alagamento. Ambos precisaram fechar seus estabelecimentos por mais de 40 dias, e mesmo após a reabertura, o movimento demorou meses para se normalizar. “Quando reabrimos, não existia movimento. A gente se obriga a abrir, porque faz parte do ciclo, mas não tinha gente na rua”, relatou Fabiano.
Apesar do esforço coletivo, ambos os empresários são unânimes em afirmar: São Leopoldo ainda não está preparada para enfrentar novos eventos climáticos extremos. Segundo André, medidas emergenciais tomadas até agora não resolvem o problema estrutural. “Se chover metade do que choveu naquela época, alaga de novo. Não deu tempo de fazer nada. Existem dois canais de entrada de água na cidade que seguem abertos, e a população não sabe nem onde buscar ajuda se precisar sair de casa”, alertou. Ele ressalta a ausência de um plano de contingência claro e acessível. “Não existe um protocolo para que a população saiba o que fazer, onde ir, quem procurar. Isso é básico. Não precisa de dinheiro para informar as pessoas”, reforçou.
A fala dos empreendedores é um apelo claro para que autoridades adotem medidas efetivas. “A gente não pode mais aceitar discurso vazio. Precisamos de ações práticas. Enquanto isso não acontecer, viveremos com medo a cada previsão de chuva”, finaliza Rotta.
Desafio gastronômico, mas também de resistência
Durante a conversa, os organizadores não esconderam os desafios que enfrentam. “A cidade mudou muito nos últimos anos. Antes por exemplo, a Rua Independência em São Leopoldo funcionava como um grande shopping a céu aberto. Hoje, a gente resiste. Trabalha muito mais para sobreviver do que para lucrar”, desabafa André. Ainda assim, o sentimento é de orgulho. “São Leopoldo nunca viveu um momento tão especial em termos de qualidade e variedade gastronômica como agora”, comenta. “É preciso que a população valorize isso.”
Sobre o Burger Week 2025
Quem são os participantes?
O circuito de 2025 reúne as seguintes casas:
República da Cerveja
Hīrō Sushi (sim, também entrou na onda do hambúrguer)
Kennedy Burger
Choperia Heinz Beer
Fronteira Sul Carnes
Restaurante Manuela Zang Cozinha Artesanal
Mandinho Burger
Villa D'Assisi
Funny Feelings
Serviço — Burger Week 2025
De 30 de maio a 08 de junho
09 restaurantes participantes em São Leopoldo
Passaporte com carimbo a cada hambúrguer consumido
Prêmios: kit Oderich, voucher de desconto e sorteio de uma viagem para Gramado
A história por trás do Funny Feelings
O que começou como encontros informais entre amigos, com comida feita de forma quase secreta em uma cozinha de lavanderia, hoje se transformou em um dos restaurantes mais conhecidos de São Leopoldo. É assim que Fabiano Chaves conta a origem do Funny Feelings, um espaço que carrega na essência a descontração e a hospitalidade típicas de encontros em casa.
“Recebíamos os amigos em casa, cozinhávamos na cozinha da lavanderia, muitas vezes de forma surpresa. Ninguém sabia exatamente o que ia comer”, lembra Fabiano. Foi nesse ambiente que nasceu um dos pratos mais famosos do cardápio: o irreverente “Puta Merda”. O nome, segundo ele, surgiu espontaneamente quando um casal experimentou a receita e, surpreso com o sabor, soltou um sonoro elogio: “Puta merda, isso aqui é muito bom!”.
Essa informalidade e autenticidade foram levadas para dentro do Funny, que hoje mantém uma proposta de ser um espaço de acolhimento, onde a música alta cria uma bolha de intimidade. “As pessoas podem conversar sobre negócios, amor ou até problemas, e ninguém ouve a conversa do outro. Isso gera uma liberdade, um aconchego. Até fiz um curso de musicoterapia para entender como isso influencia no ambiente”, explica Fabiano.
O que poderia ser apenas um restaurante, se tornou ponto de encontro e construção de amizades. “A relação com os clientes vai muito além de vender um lanche. É uma cumplicidade. Criamos laços, frequentamos a casa de alguns clientes e eles a nossa. O comércio é só uma consequência”, afirma.
Cerveja, defumados e inspiração alemã
A história da República da Cerveja, também em São Leopoldo, segue uma trilha semelhante de paixão e identidade. Seu fundador, André Rotta se apaixonou pelo universo cervejeiro durante viagens à Alemanha.
“Me apaixonei pela cerveja, pela produção, pelos Biergarten. A cerveja, na verdade, é também um processo de cozinha”, conta André, que além de mestre cervejeiro, se tornou especialista em defumados.
O ambiente da República remete diretamente à cultura alemã, tanto no cardápio, que inclui pratos típicos como bolinhos de batata, quanto na arquitetura rústica e acolhedora. A ideia da mesa comunitária, comum na Alemanha, também faz parte da proposta. “Ela é um instrumento de socialização muito forte. Duas pessoas sentam e, logo, outras pedem para se juntar. Gosto de manter essa tradição na República”, explica.
A escolha do espaço também teve seus desafios. André conta que, após tentar abrir o negócio em Gramado, voltou os olhos para São Leopoldo. O local, antes uma antiga celaria, estava em condições precárias. “Quando abri a porta, minha esposa olhou e disse: “Aqui, não”. Mas eu vi potencial naquele pavilhão. Gastei mais de um milhão para transformar o espaço no que é hoje”, relembra.
Trabalho, sorte e paixão
Tanto Fabiano quanto André destacam que o sucesso dos negócios vem de uma combinação de muito trabalho e uma pitada de sorte. “Parece que quanto mais a gente trabalha, mais sorte tem. As coisas se alinham quando a gente acredita e faz acontecer”, comenta André. Os dois empresários são unânimes ao dizer que seus empreendimentos vão além do comércio. São espaços de conexão, histórias e memórias.
Da Redação www.startcomunicacaosl.com.br - Mariana Santos - Jornalista MTB 19/788
Assista a entrevista completa aqui:































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