A busca pelo corpo perfeito: a pressão social e as redes sociais - Matéria da Ed. 53 do jornal da Start
- Start Comunicação

- 8 de ago.
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Nos últimos anos, ir para a academia se tornou um dos maiores fanatismos entre os jovens. De acordo com pesquisas recentes, o número de pessoas entre 18 e 25 anos frequentando academias mais do que dobrou. É o que mostra os dados do Panorama Fitnes Brasil de 2024; o crescimento de centros de treinamento aumentou quase três vezes em uma década, passando de 19.266 em 2014 para 58.832 em 2024.
Esse crescimento vertiginoso reflete uma mudança significativa nos hábitos e prioridades dessa faixa etária. O principal motivo por trás desse fenômeno é a busca incessante do e pelo corpo perfeito. A pressão social e a influência das redes sociais têm motivado muitos jovens a buscar um padrão de beleza que seja considerado ideal e, para isso, as academias se tornaram o local ideal para que essa meta seja alcançada. "A cultura da juventude e do corpo ideal sempre acaba gerando sofrimento porque o resultado esperado é impossível", responde a psicóloga e psicanalista Caroline Link.
De acordo com a especialista, as redes sociais têm um papel significativo na forma como os indivíduos percebem sua imagem. A exposição constante a padrões de beleza pode modificar a nossa lógica de reconhecimento e levar a uma visão distorcida e exigente sobre nossos corpos. E nisso as redes sociais exercem um fator de grande influência, pois apresentam padrões de beleza muitas vezes inatingíveis e irreais. “Isso pode levar a uma comparação constante entre a própria imagem e a dos outros, gerando sentimentos de inadequação e insatisfação”, relata Caroline.
O tema corpo perfeito tem gerado grande debate nos últimos anos. Muitos estudiosos enfatizam que esse anseio pode transformar a mentalidade jovem por completo, influenciando não apenas seu comportamento em academias, mas também em outras áreas da vida, como na faculdade ou em casa. Essa ideia não é nova. Na verdade, os gregos antigos foram uma das primeiras civilizações a desenvolver esse conceito como método de vida. A mística grega se tornou exemplo de como desenvolver uma vida social saudável, justa e organizada para todos.
As famosas estátuas de corpos definidos e exuberantes são um testemunho da importância que os gregos davam à beleza física e à saúde. Para a professora e pesquisadora das relações de gênero Mariléia Sell, a pressão estética sobre os corpos não é um fato atual, sobretudo sobre as mulheres. Historicamente, a plasticidade é tida como o maior atributo feminino, por isso a mulher perde valor à medida que envelhece ou deixa de atender aos requisitos do que seria um corpo ideal. “Essa realidade só piora quando falamos de adolescentes que são educadas a odiar o seu corpo ao serem bombardeadas com imagens de corpos perfeitos e editados da internet. Essa perversão gera ansiedade, depressão e sensação de menos valia, mas não esqueçamos que tudo isso mantém a roda do capital girando a todo o vapor e mantém as meninas e as mulheres nos seus devidos lugares, ou seja, ocupadas demais, cansadas demais para ocupar espaços de poder”, comenta Mariléia.
Além da busca pelo corpo perfeito, as academias também oferecem um ambiente social único, independentemente do horário em que a atividade física é praticada. São espaços que combinam uma infraestrutura diferenciada, acompanhamento especializado que promovem uma atmosfera de motivação e apoio entre os frequentadores.
Muitas amizades são formadas, muitas vezes começando com uma simples pergunta: "Qual é o seu objetivo?". Segundo Lucas Bastos, personal trainer e proprietário de academia, mesmo com todas as atividades que as pessoas realizam durante o dia, a preocupação com a saúde tem provocado cada vez mais o aumento pela procura por academias. “Nós queremos que os nossos clientes se sintam em um ambiente acolhedor, e procuramos fazer com que entendam que qualquer pessoa pode frequentar o nosso espaço. Aqui o nosso objetivo é qualidade de vida, independente da busca de cada um’, ressalta Lucas.
Cabe lembrar que durante muitos anos, o conceito de beleza se concentrou somente na fisionomia do rosto e atributos mentais, como a inteligência da pessoa. Porém, a partir dos anos 80, o mercado da beleza ganhou corpo e as teorias desenvolvidas daquela época voltaram à tona. O grande problema é que algumas pessoas observam a beleza apenas pelo caráter estético e pouco dão destaque em outros detalhes, como a formação do indivíduo. É hora de repensar o conceito de beleza e incluir outros aspectos importantes, como a saúde mental, a autoestima e a individualidade. Ao fazer isso, podemos promover uma cultura mais saudável e positiva, que valorize a diversidade e a singularidade de cada pessoa.
Da redação da www.startcomunicacaosl.com.br - Alexon Gabriel - MTB: 11472|RS
Foto: Pixabay


































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