Adultização: entenda prática denunciada pelo youtuber Felca
- Start Comunicação

- 12 de ago.
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Você sabe o que é a adultização? O termo se popularizou, sobretudo, após o vídeo de denúncia, feito pelo youtuber Felca, viralizar. Para explicar melhor os elementos envolvidos na polêmica, o Metrópoles conversa com um psiquiatra que esclarece os significados e problemas da adultização, que é, inclusive, o título da publicação do influenciador.
Entenda
O youtuber e influenciador Felipe Brassenim Pereira, conhecido como Felca, reacendeu a discussão sobre a exploração e o abuso de crianças e adolescentes com a publicação do vídeo Adultização.
Ele denunciou o influenciador Hytalo Santos por exploração de menores e alertou sobre os riscos das redes sociais para esse público em específico.
Um dos termos usados nas denúncias é a adultização, processo em que a criança é levada a desempenhar papéis atribuídos a adultos.
O termo, muitas vezes, envolve também a sexualização infantil, mas pode ocorrer em outras esferas.
Fábio Aurélio Leite, médico psiquiatra do Hospital Santa Lúcia Norte e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, explica que a adultização corresponde a qualquer processo em que “uma criança é levada a se engajar em tarefas, fazer atividades ou desempenhar papéis de figuras adultas, para os quais ela não está preparada, não tem maturidade, não tem estrutura e, principalmente, não tem consciência do que aquilo é ou representa”.
Em muitos casos, principalmente os de exploração nas redes sociais como os denunciados por Felca, a adultização vem acompanhada da sexualização infantil, processo em que a criança é induzida a usar roupas ou ter comportamentos e atitudes relacionadas ao universo erótico.
Nas denúncias que viralizaram, Felca exibe imagens de conteúdos gerados por Hytalo em que crianças e jovens aparecem em ambientes com bebidas alcoólicas e em momentos de intimidade. “É um clima adulto que contrasta com o fato deles todos serem crianças. Dá um desconforto ruim. Mas a parada piora, e piora muito”, comentou o influencer no vídeo.
O psiquiatra Fábio Aurélio Leite pondera que, nas situações de adultização, as crianças, na maioria das vezes, não conseguem perceber que não deveriam estar naquele cenário, “é demais para a capacidade de entendimento delas”.
Ele continua mencionando que a adultização não necessariamente é documentada nas redes sociais, mas pode acontecer diariamente. “Envolve tudo que é precoce, como trabalho infantil, responsabilidades demais no ambiente doméstico que vão além da capacidade e da idade, a mediação de conflitos entre os pais ou outros adultos, além da exposição midiática”.
O médico lembra ainda que o termo pode estar sendo visto como novidade, mas a adultização, mesmo a midiática, não vem de hoje e nem da internet. Ele menciona casos de celebridades que tiveram suas vidas documentadas por paparazzi desde o início, como Michael Jackson, Macaulay Culkin e Lindsay Lohan, e que enfrentaram consequências desastrosas da fama infantil na vida adulta. Algo semelhante e mais atual tem acontecido com Justin Bieber, também alçado ao estrelato mundial muito cedo.
“O tipo de cobrança e pressão que essas crianças acabam enfrentando, mesmo em escala menor, pode causar distúrbios de comportamento e problemas emocionais que podem acompanhá-los até a vida adulta, isso sem falar nos diversos outros problemas advindos da sexualização quando ela vem junto”, alerta Fábio.
A fala do médico ressoa com as considerações feitas por Felca no vídeo, onde ele diz “criança não tem que estar envolvida em coisa de adulto. Justiça, crítica, fãs, ódio, cancelamento. ‘Ah, mas a criança que pediu para fazer vídeo’, criança pede para correr na terra, a responsabilidade é do tutor”, completa o influenciador.
Legislação
O debate levantado pelo youtuber movimentou o Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse, na noite de domingo (10/8), que há “uma série de projetos importantes sobre o assunto” e que pautará um nesta semana para discutir o tema.
Além das leis, que precisam existir e ser cumpridas, Fábio ressalta a importância de fazer campanhas de conscientização e discutir o assunto nas esferas públicas. “Além da punição, especialmente para os que usam os filhos para ganhos financeiros e promovem abusos que chegam à esfera sexual, é necessário conscientizar sobre os danos que essas práticas podem ter, mesmo as que parecem inofensivas e não têm malícia por parte dos responsáveis”, acrescenta.
O médico finaliza afirmando que a criança tem que brincar, além dos estudos, essa é a função delas. Se forem participar de trends ou interagir nas redes sociais, é necessário que todo o processo seja encarado por ela como diversão, nunca como obrigação ou responsabilidade financeira com a família.
Fonte: Portal Metrópoles
Foto: arquivo pessoal


































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