O pequeno homem que precisa de várias mulheres - Por Mariléia Sell
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- 11 de ago.
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Atualizado: 15 de set.

Quem não gosta de assistir a um teatro da vida real? Um buraco de fechadura ampliado para observar a desgraça alheia? Não deixa de ser reconfortante ver que as pequenas misérias não acontecem só nas nossas vidas, não é mesmo? O vídeo do chá de revelação de infidelidade, organizado pela médica veterinária Natália Knak, de uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, já foi visto por mais de 33 milhões de pessoas, confirmando esse gosto do ser humano por um barraco alheio. É a vida privada exposta na praça pública para julgamento da plateia, nada mais antigo, nada mais atual.
Natália está grávida de 11 semanas e o alecrim dourado que foi exposto pela mulher, na gravação feita em julho deste ano, é traidor compulsivo, como mostra a pilha de prints de conversas, trazidas com calma magistral como provas no tribunal montado perante a família dele. O homem mantinha vários relacionamentos paralelos ao casamento, inclusive com profissionais do sexo. Com uma delas, chegou a ter um filho.
É interessante observar que alguns membros da família do Don Juan sabiam das infidelidades, inclusive mulheres. Não houve um sentimento de sororidade, por parte dessas mulheres, em relação à Natália, sequer preocupação com a sua saúde, uma vez que ele frequentava ambientes mais propensos a contaminações por doenças sexualmente transmissíveis. Tudo isso pode indicar que ela vivia em um ambiente tóxico, sem empatia, o que, talvez, explique a medida extrema de expor o seu lado de forma pública. Possivelmente, ela não tinha acolhimento familiar, sua narrativa não era considerada e o marido ficava “inventando historinhas” pra ela.
A decisão de Natália terá desdobramentos jurídicos e psicológicos, sem dúvidas, mas ela, provavelmente, estava farta de não ser levada a sério, de “pagar de pato”. Quantas mulheres vivem situações semelhantes? São as loucas, as histéricas, as difíceis. Enquanto isso, a sociedade passa pano para homens que colecionam mulheres para afirmar sua masculinidade frágil e sustentar o mito do garanhão sempre erétil. Homens que se comprometem, mas que não honram o seu compromisso, como se fossem crianças que querem tudo ao mesmo tempo. Eles acham que têm direito a uma mulher em casa e a todas que quiserem na rua, não estão prontos para escolher e arcar com as renúncias implicadas em cada escolha. Historicamente, os homens estão mais autorizados a exercer sua liberdade e a dar vazão a uma suposta sexualidade “incontrolável”.
Já a sexualidade feminina tem sido alvo de constante monitoramento. Obviamente que, e antes que comecem os manifestos, as mulheres também traem. O que quero problematizar, aqui, é que a traição masculina é melhor aceita em uma sociedade machista e falocêntrica, ao ponto de as próprias mulheres a naturalizarem, ao invés de se colocarem do lado de quem é traída. Quem já não ouviu frases como “homem é assim mesmo”, “todos os homens são assim”, “eles têm suas necessidades”. E ainda há quem culpe a própria mulher traída por não estar dando a atenção necessária ao alecrim, se é que me entendem, pois não importa o que ela faça, provavelmente, estará errada.
Da redação da www.startcomunicacaosl.com.br - Coluna Mariléia Sell


































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