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Paracetamol na gestação: especialistas fazem alerta sobre possíveis riscos

Foto: Getty Images
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O uso do paracetamol durante a gravidez tem sido tema de discussões e preocupações recentes, especialmente por conta de uma possível associação com o transtorno do espectro autista (TEA) condição que, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta aproximadamente uma em cada cem crianças no mundo. Essa hipótese levantou dúvidas entre gestantes e profissionais da saúde, principalmente nas redes sociais e em publicações não científicas.


No entanto, até o momento, não existem evidências científicas conclusivas que comprovem uma relação direta entre o uso do medicamento e o desenvolvimento do autismo. O que se sabe com base em estudos confiáveis é que o TEA é resultado de uma interação complexa entre múltiplos fatores, como predisposição genética e influências ambientais. Ou seja, não há um único fator responsável pelo desenvolvimento do transtorno.


Por isso, especialistas alertam que o uso de medicamentos durante a gestação deve sempre ser orientado por um profissional de saúde, mas também reforçam que o paracetamol, quando utilizado de forma adequada e sob orientação médica, continua sendo considerado seguro para o alívio de dores e febre em gestantes.


De acordo com o neuropediatra Antonio Carlos de Farias, do Hospital Pequeno Príncipe, considerado o maior e mais completo hospital pediátrico do Brasil, é comum que temas complexos como o transtorno do espectro autista (TEA) sejam tratados de forma simplista em certos discursos públicos.


“Muitas vezes, tenta-se atribuir o autismo a um único fator ou mesmo sugerir a existência de um tratamento milagroso capaz de curá-lo. Esse tipo de abordagem não apenas distorce a realidade como também desvia o foco das estratégias que realmente fazem a diferença: terapias especializadas, educação inclusiva, acolhimento e suporte contínuo às famílias”, destaca o médico. A Dra. Thaís Barroso Naves, Neurologista infantil da Clinica Reinventar Mental Care de Novo Hamburgo, também, alerta que não há evidência científicas sobre a ocorrência do Transtorno do Espectro Autista (TEA) após o uso do medicamento paracetamol.  “É de extrema importância deixar muito claro que não existe associação de uso do paracetamol pelas gestantes na gravidez com a ocorrência do Transtorno do espectro autista (TEA), inclusive não há relação com maior ocorrência de TEA e o uso de paracetamol em doses maiores. Os estudos mais robustos não encontraram relação de causalidade, o que existe é um debate científico por estudos observacionais que levantaram esta hipótese, mas sem base suficiente para contraindicar o medicamento quando usado de forma correta e sob orientação médica. Provavelmente este equívoco surgiu em decorrência de uma interpretação exagerada destes estudos observacionais, que não provaram causa.”

 

Amplamente utilizado no Brasil, o paracetamol é registrado e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O medicamento possui segurança e eficácia comprovadas quando usado de forma adequada e com orientação médica ou farmacêutica. Por isso, o mais importante é que gestantes sempre usem medicamentos sob orientação médica.


O que a ciência já descobriu sobre paracetamol e autismo?

O neuropediatra explica que os primeiros estudos observacionais levantaram a hipótese de que a exposição ao paracetamol durante a gestação poderia aumentar em até 1,25 vez o risco de a criança desenvolver transtorno do espectro autista (TEA). No entanto, esses estudos apresentavam fatores de confusão importantes, já que o paracetamol é frequentemente utilizado para tratar febre e infecções — condições que, por si só, também podem impactar o desenvolvimento neurológico do feto.


Um estudo de grande escala realizado na Suécia, com mais de 2,5 milhões de crianças, reforçou a falta de associação significativa entre o uso do medicamento durante a gravidez e o risco de autismo. Após o ajuste para variáveis ambientais e fatores familiares, os pesquisadores não encontraram evidências que sustentassem essa ligação.

Além disso, o médico chama atenção para o chamado viés de recordação, um problema comum em estudos baseados em relatos pessoais. Esse viés ocorre quando a coleta de dados sobre exposições passadas depende da memória dos participantes, o que pode comprometer a precisão das informações.


“Por exemplo, pessoas que desenvolveram uma condição de saúde, como o autismo, podem ter maior tendência a exagerar ou minimizar certas exposições anteriores, em comparação com aquelas que não passaram por esse desfecho. Isso influencia diretamente a validade das estimativas de risco”, esclarece o neuropediatra.


Os diagnósticos de autismo aumentaram?

O aumento da prevalência de transtorno do espectro autista (TEA) não significa que mais crianças estão necessariamente desenvolvendo o transtorno. Segundo o especialista, uma compreensão mais profunda dos sintomas e alterações nos critérios de diagnóstico possibilitaram a identificação de casos mais leves.


“Além disso, houve um aumento na conscientização entre profissionais de saúde, instituições e a sociedade em geral. Isso resultou em uma maior busca por serviços de saúde mental e diagnósticos mais precisos e precoces”, complementa.


O autismo é complexo e multifatorial, onde existe uma combinação de causa genética e fatores ambientais que aumentam o risco para o autismo. Sendo assim, é possível esclarecer que houve um aumento de casos diagnosticados nos últimos anos, tanto tendo em vista os critérios diagnósticos que sofreram alterações, abrangendo hoje, casos denominados anteriormente como Síndrome Asperger. Como também, por maior conscientização e melhor acesso às informações por pais, pacientes, cuidadores e etc, é o que esclarece a Dra. Thaís Barrodo. “É importante ressaltar debates e pesquisas mais recentes que exploram e investigam a possibilidade de mudanças ambientais e fatores epigenéticos da atualidade, aumentando o risco de TEA e por consequência maior números de casos sendo diagnosticados”, ressalta Thaís.


Da redação da Start Comunicação: www.startcomunicacaosl.com.br - Alexon Gabriel - MTB: 11472|RS

Fonte: Agência Brasil

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